O sonho do Bahia de conquistar uma vaga inédita nas semifinais da Copa do Brasil chegou ao fim mais uma vez. Na noite desta última quarta-feira (10), no Maracanã, o Tricolor de Aço foi derrotado pelo Fluminense por 2 a 0 e se despediu da competição nas quartas de final pela 10ª vez.

O time de Rogério Ceni não conseguiu reproduzir suas características mais marcantes da temporada, como a posse de bola, a intensidade ofensiva e a capacidade de competir de igual para igual contra adversários da Série A. O resultado foi uma atuação apática e dominada pelos cariocas, que confirmaram a classificação com gols de Canobbio, em cobrança de pênalti, e Thiago Silva, de cabeça.

Estratégia defensiva não sustentou o jogo

Com a vantagem do empate conquistada no duelo de ida, o Bahia entrou em campo com um plano mais cauteloso. Ceni escalou a equipe no 4-5-1, formando uma barreira defensiva compacta para dificultar os cruzamentos e bloquear a entrada da área. A estratégia funcionou no primeiro tempo, quando o Fluminense teve mais posse e volume de jogo, mas encontrou dificuldades para finalizar com perigo.

Ainda assim, o Esquadrão cometeu muitos erros de passe no campo defensivo e não conseguiu sustentar a bola no ataque. Willian José ficou isolado, enquanto Kayky e Michel Araújo recuaram para marcar e Everton Ribeiro atuou distante dos atacantes.

A primeira etapa terminou sem gols, com mérito defensivo do Bahia, mas também com enorme limitação ofensiva. O Tricolor finalizou apenas duas vezes no alvo em toda a partida, número insuficiente para ameaçar o rival em um confronto decisivo.

Pressão carioca e falhas decisivas

No segundo tempo, a pressão do Fluminense surtiu efeito logo aos nove minutos. Após cruzamento na área, a bola desviou no braço de Michel Araújo, e o árbitro assinalou pênalti. Canobbio converteu e colocou os donos da casa em vantagem. A partir daí, o Bahia precisaria reagir, mas não conseguiu mudar sua postura.

Rogério Ceni tentou resgatar uma formação semelhante à de 2024, com Cauly atuando como um falso centroavante, acompanhado por Iago Borduchi e Sanabria nas pontas. As alterações, no entanto, pouco alteraram o cenário. O Fluminense manteve o controle e, aos 38 minutos, Thiago Silva aproveitou cobrança de falta e cabeceou para o fundo da rede, decretando o 2 a 0.

Desfalques e limitações

A ausência de jogadores importantes como Caio Alexandre, Pulga e Ademir foi sentida, mas, segundo avaliação do próprio treinador, não explica a queda de rendimento coletivo. O Bahia já havia utilizado postura mais defensiva em outros jogos, como contra o Corinthians em Itaquera, mas desta vez a estratégia não funcionou diante de um adversário mais qualificado.

Reação de Rogério Ceni

Na entrevista coletiva após a partida, Rogério Ceni não poupou críticas à atuação de sua equipe. O técnico admitiu que o Bahia não jogou absolutamente nada com a bola e destacou a falta de coragem para competir em um duelo decisivo. Para ele, o time foi nulo ofensivamente e não conseguiu reproduzir os conceitos trabalhados durante a semana.

Ceni reconheceu que a defesa em linha baixa até funcionou em parte do jogo, mas lamentou a ausência de contra-ataques e de combinação de passes. Visivelmente irritado, descreveu o clima no vestiário como “péssimo” e afirmou que não havia nem conseguido conversar com os jogadores imediatamente após a eliminação.

Próximos desafios

Apesar da queda na Copa do Brasil, a temporada ainda reserva objetivos importantes. Campeão da Copa do Nordeste recentemente, o Bahia segue firme na disputa do Campeonato Brasileiro, ocupando uma posição no G-4. O próximo jogo será, na segunda-feira (15), às 20h, contra o Cruzeiro, na Arena Fonte Nova, em um confronto direto por vaga no grupo dos quatro primeiros colocados.

A eliminação mantém o tabu do Bahia, que jamais alcançou as semifinais da Copa do Brasil. Para a torcida, ficou a frustração de ver o time abrir mão de sua identidade em um dos momentos mais importantes do ano.

Ficha técnica

Fluminense 2 x 0 Bahia
Copa do Brasil – Quartas de final (jogo de volta)
Data: 10/09/2025
Local: Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Horário: 19h

Árbitro: Matheus Delgado Candançan (SP)
Assistentes: Danilo Ricardo Simon Manis (SP) e Neuza Inês Back (SP)
VAR: Caio Max Augusto Vieira (RN)

Público: 48.669 torcedores
Renda: R$ 1.989.099,50

Gols:

• Canobbio (Fluminense), aos 9 min do 2º tempo (pênalti)
• Thiago Silva (Fluminense), aos 39 min do 2º tempo

Cartões amarelos:

• Fluminense: Canobbio, Freytes
• Bahia: Ronaldo, Iago, Acevedo, Kayky

Fluminense: Fábio; Guga, Thiago Silva, Freytes e Renê; Hércules, Martinelli (Bernal) e Nonato (Lucho Acosta); Serna (Keno), Everaldo (Cano) e Canobbio (Ignácio).
Técnico: Renato Gaúcho

Bahia: Ronaldo; Gilberto, David Duarte, Santiago Mingo e Luciano Juba; Acevedo (Rezende), Jean Lucas e Everton Ribeiro (Juninho); Michel Araújo (Iago), Willian José (Cauly) e Kayky (Sanabria).
Técnico: Rogério Ceni