O efeito da participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha para a Prefeitura de São Paulo ainda é limitado para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Desde o início da campanha, em 16 de agosto, as pesquisas mostram que Boulos tem oscilado dentro da margem de erro e não conseguiu se consolidar como o principal candidato da periferia, segmento onde o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), tem avançado.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada em 12 de setembro, Nunes tem 27% das intenções de voto entre eleitores com renda de até dois salários mínimos, enquanto Boulos aparece com 21%. A margem de erro de cinco pontos percentuais configura um empate técnico. Em uma eventual disputa no segundo turno, Nunes lidera com 51% dos votos nesse segmento, contra 37% para Boulos. Integrantes da campanha de Boulos esperam que Lula viaje a São Paulo na reta final da campanha para intensificar o apoio ao candidato do PSOL.
Desde dezembro de 2023, o presidente Lula tem participado ativamente da campanha de Guilherme Boulos. No final de 2023, Lula usou um evento do Minha Casa, Minha Vida para apoiar a candidatura de Boulos. Em fevereiro, esteve ao lado do psolista no ato de filiação de Marta Suplicy ao PT. No Dia do Trabalho, em maio, o presidente participou do evento das centrais sindicais, pedindo votos para Boulos. Em junho, Lula e Boulos estiveram em dois eventos simultâneos: em Itaquera, lançando o campus Cidade Tiradentes do Instituto Federal, e no Jardim Ângela, anunciando a criação de um novo campus.
Em julho, Lula marcou presença na convenção do PSOL que oficializou a candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo. Mais recentemente, em agosto, o presidente participou de dois comícios de Boulos no mesmo dia, no Campo Limpo e em São Miguel Paulista. No entanto, a expectativa de que a presença de Lula atraísse votos de baixa renda ainda não se concretizou.
Pessoas próximas a Boulos observam que seu desempenho na periferia está dentro do esperado, mas destacam a dificuldade de superar Nunes, que utiliza a máquina pública a seu favor. A campanha de Boulos espera que mais agendas com Lula ajudem a melhorar a situação do candidato entre os eleitores de baixa renda.
A campanha de Boulos enfrenta críticas internas do PT, que sugere maior presença de Lula e outros líderes do partido para ajudar o candidato. Alguns membros do PT também acreditam que o tom da campanha de Boulos deveria alinhar-se mais ao estilo do partido, mas reconhecem a necessidade de equilíbrio para evitar confusão entre os eleitores.
Em 2008, o apoio de Lula à ex-prefeita Marta Suplicy na corrida pela Prefeitura de São Paulo também não resultou em vitória. Apesar de Marta ter iniciado a campanha com boa vantagem nas pesquisas, a vitória acabou indo para Gilberto Kassab, que se beneficiou do apoio político e da máquina pública.