O prefeito reeleito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), conhecido como Marão, e o seu candidato Bento Lima (PSD), que tenta mais 4 anos do grupo político no comando do município baiano, são investigados pela Polícia Federal (PF). A operação Barganha, iniciada nesta quinta-feira (26), suspeita que os políticos possuem envolvimento em crimes de corrupção, esquemas de propina, desvio de recursos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A ação também autoriza buscas contra o ex-procurador-geral do município, Jefferson Domingues Santos, outras duas pessoas e duas empresas. Além disso, a investigação cumpre mandado em Itabuna, Vitória da Conquista, Salvador e Lauro de Freitas.
A PF encontrou mais de R$ 700 mil em espécie ao cumprir mandado na casa de um dos empresários envolvidos no esquema. O dinheiro estava escondido em duas malas de viagem que ficavam atrás de um sofá na sala-de-estar.
Investigações
As investigações ao atual prefeito de Ilhéus começaram ainda no período de pandemia, quando a PF suspeitava de desvio de recursos do Governo Federal destinado para criar medidas de combate ao Covid-19. Um dos alvos se tornou colaborador do gestor municipal e firmou uma delação premiada, que foi homologada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) com participação do Ministério Público Federal (MPF).
A partir disso, o colaborador revelou que Mário Alexandre teria negociado o recebimento de propina em um contrato de serviços de coleta de lixo, que foi fechado de maneira irregular pela Prefeitura de Ilhéus. Segundo os relatos, o acordo destinaria metade do lucro da empresa aos bolsos do prefeito.
Na época, o candidato e ex-secretário de Gestão de Ilhéus, Bento Lima, resistiu a contratação, porque a empresa já prestava serviços à gestão municipal. Isso gerou um atraso na negociação e, por isso, Marão decidiu contratar outra empresa dos mesmos donos para fazer o mesmo trabalho.
Ou seja, os suspeitos optaram pela terceirização de mão-de-obra para atender as demandas de enfrentamento ao Covid-19, mesmo que de forma irregular. Naquela época, não haviam indícios da participação do prefeito de Ilhéus no esquema, mas as irregularidades tiveram deflagração da Polícia Federal.
De acordo com o colaborador, o recurso desviado foi responsável por pagar parte do valor do carro comprado para a mulher de Mário Alexandre. Conforme informações do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), cerca de R$ 80 mil do repasse federal foi utilizado.
As investigações indicam que Marão é o chefe da organização criminosa responsável pelo desvio de dinheiro público e Bento Lima seria o seu braço-direito nas negociações. Ambos respondem por crimes de corrupção passiva e ativa, organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, fraude em licitação ou contrato e frustração do caráter competitivo da licitação. Além dos R$ 700 mil em espécie encontrados na casa de um dos empresários, durante a operação Barganha, os valores dos contratos já ultrapassam R$ 90 milhões.
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