Após dissidências, o PT voltou a se reunir, nesta quarta-feira (25), com o vice-governador Geraldo Jr (MDB) para mostrar força e apoio à candidatura do emedebista. Mais de 2 mil apoiadores participaram do “encontro das camisas vermelhas”, como foi intitulado o evento, que reuniu ainda 19 candidatos a vereador do partido, além de deputados estaduais e federais no comitê central.
Assim como a presidente municipal petista, Cema Mosil, Éden Valadares, que comanda a legenda no Estado, saiu em defesa do vice-governador, reafirmou a adesão dos militantes na sua campanha e classificou sua mudança no meio político como “corajosa”, ao trocar o grupo liderado pelo ex-prefeito ACM Neto (vice-presidente nacional do União Brasil) para apoiar o governador Jerônimo Rodrigues (PT) nas eleições de 2022.
“Amigo que a gente constrói na caminhada, alguém que conhecemos na Câmara e pudemos conhecer mais a partir do ato corajoso que teve de romper com a turma de lá e vir para o lado certo da história. Não há vergonha nenhuma nisso, vergonha é quem continua apoiando Bolsonaro escondido e não tem coragem de admitir. Vergonha é quem não faz autocrítica e está na contramão da história”, bradou o petista.
Na última semana, militantes do PT e PSB decidiram abandonar o vice-governador para apoiar o candidato Kleber Rosa (PSOL). Por isso, o evento se propôs a engajar a militância petista no apoio ao emedebista, já que segundo as pesquisas de intenção de votos, Geraldo estaria em empate técnico com Kleber.
Éden também relembrou que a troca de lado de Geraldo veio em um momento em que as pesquisas apontavam um percentual de 4 a 5% dos votos para Jerônimo. A referência é sobre a possível virada do cenário eleitoral em Salvador, já que o atual prefeito e candidato à reeleição Bruno Reis (União Brasil) lidera as pesquisas com 74%. Além disso, Valadares ressaltou que o encontro da Executiva Estadual do PT, realizado nesta última terça-feira (24), foi justamente para discutir sobre táticas para fortalecer a candidatura do emedebista.
“Nos reunimos para reafirmar a importância que a eleição de Salvador tem para a Bahia e para o Brasil, para reafirmar que nós do PT nunca soltamos a mão de ninguém. Aqui estão os vermelhos que vão trabalhar por você. Geraldo, em cada rua de Salvador, para chegar na urna a construir a maior virada histórica da eleição de Salvador”, reforçou.
Em seu discurso, o presidente estadual aproveitou para enfatizar a importância de ter a candidata a vice-prefeita, Fabya Reis, compondo a chapa para representar o legado da gestão petista.
“Aquela que tem a responsabilidade e está dando conta demais de representar o acumulo histórico do PT, a luta pela terra, pela reforma urbana, do movimento social, sindical, das mulheres. Representar o acúmulo do PT é representar nosso modelo programático, de ideia, de projeto, de visão de mundo. Representar o legado dos nossos governos, de Lula, Dilma, Wagner, Rui e Jerônimo e está representando muito bem a nossa militância”, pontuou Éden.
Em seus discursos, Geraldo Jr e Fabya agradeceram por mais uma manifestação popular de apoio à chapa. “Nós precisamos de vocês para cuidar da cidade inteira”, disse o vice-governador, que, além do PT, tem o apoio de outros nove partidos: PSB, PSD, Podemos, PCdoB, PV, Solidariedade, Avante, Agir e o próprio MDB.
Dissidências
Analistas políticos ouvidos pelo Portal M! ainda no período de pré-campanha já alertavam a dificuldade que seria fazer a militância engajar em uma candidatura que não teria o PT na cabeça de chapa. A solução encontrada foi indicar a ex-secretária estadual de de Assistência e Desenvolvimento Social, Fabya Reis (PT), que tem forte ligação com o MST e é esposa do deputado federal Valmir Assunção (PT), que comanda o movimento no Estado.
No entanto, a estratégia parece não ter empolgado nem mesmo a chapa, o que acabou também com militantes do PSB desembarcando do barco do emedebista. O abandono de alguns militantes para apoiar também Kleber Rosa aconteceu mesmo que o partido seja presidido pela coordenadora-geral da campanha de Geraldo Jr, a deputada federal Lídice da Mata (PSB).
Da mesma forma que os dirigentes partidários petistas, a presidente municipal do PSB, Cassia Magalhães, minimizou as dissidências e afirmou que o apoio de alguns militantes da legenda ao candidato do PSOL não passou de um “movimento isolado”. Porém, não foi a primeira vez que Kleber Rosa recebeu apoio de partidos da coligação e ele, inclusive, ressaltou que este conflito acontece em decorrência da “falta de identidade com a esquerda” por parte do vice de Jerônimo.
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