Após percorrer mais de 30 países e se apresentar em 282 cidades apenas nos Estados Unidos, o Balé Folclórico da Bahia vai realizar, pela primeira vez, uma turnê nacional. O marco foi celebrado pelo fundador e diretor da companhia, Vavá Botelho, durante entrevista, nesta sexta-feira (6), ao programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix FM Salvador, comandado pelos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do M!.

Criada em 1988, a companhia é reconhecida mundialmente pela força de sua linguagem artística, que mistura dança, música e ancestralidade afro-baiana. Apesar da trajetória internacional consagrada, o grupo havia se apresentado em apenas nove capitais brasileiras. Agora, com patrocínio do Wilbank e apoio da Lei Rouanet, o Balé inicia um novo capítulo em sua história.

“Estamos todos muito felizes e ansiosos. Vamos levar nossa cultura para o público brasileiro com a mesma energia com que já encantamos plateias no exterior”, disse Vavá.

Lançamento da turnê será em Salvador com presença da imprensa nacional

O pontapé inicial da turnê será dado na próxima terça-feira (10), às 19h, no Palacete das Artes, no bairro do Graça, em Salvador. O evento marcará o lançamento oficial do projeto “O balé que você não vê”, com a presença da imprensa nacional, patrocinadores e representantes do banco digital.

A estreia da turnê está marcada para o Rio de Janeiro. A iniciativa é o primeiro projeto cultural patrocinado pelo Wilbank, que selecionou o Balé entre mais de 100 propostas.

“É o primeiro patrocínio que recebemos em 37 anos para uma turnê. O presidente do banco deve vir pessoalmente. Eles estão muito felizes com o retorno que estamos entregando”, afirmou Vavá.

Glória Pires dirige documentário sobre a história do Balé Folclórico

Durante a entrevista, Vavá Botelho também revelou detalhes sobre o documentário que está sendo dirigido pela atriz Glória Pires. O projeto nasceu de uma amizade antiga entre os artistas e começou a tomar forma após o lançamento do filme Flores Raras, da atriz, em Salvador.

“Estávamos jantando quando ela sugeriu contar a história do balé no cinema. Brinquei dizendo que só toparia se ela dirigisse. Ela respondeu: ‘por que não?’”, contou.

As filmagens já passaram por Salvador, África, Europa e agora seguem para os Estados Unidos. A expectativa é que o longa-metragem seja lançado ainda este ano.

Mais de 900 bailarinos formados e uma missão de transformação social

Ao longo de quase quatro décadas, o Balé Folclórico da Bahia já formou mais de 900 bailarinos, muitos dos quais seguiram carreira em companhias internacionais. Vavá destacou que o projeto vai além da arte: oferece destino e oportunidade a jovens em situação de vulnerabilidade.

“Não mudamos o destino dessas pessoas. Demos um destino. Muitos não tinham perspectiva alguma”, afirmou.

Mais do que técnica, o diretor valoriza a autenticidade dos bailarinos e a expressão genuína da cultura baiana. “A verdade da baianidade não se ensina. Ou a pessoa nasce baiana ou não nasce. A gente quer alma no palco, não 20 piruetas”, enfatizou.

Companhia se mantém viva apesar das dificuldades

Vavá Botelho também falou sobre os desafios de manter a companhia ativa sem apoio contínuo. Segundo ele, a resistência e o amor pela cultura baiana são os pilares que sustentam o grupo.

“A gente luta todos os dias para manter esse trabalho vivo. O patrocínio é fundamental. Levar arte, cultura e educação é o que o país mais precisa hoje”, concluiu.

A turnê nacional do Balé Folclórico da Bahia promete emocionar o Brasil com o vigor e a beleza de um espetáculo que é símbolo da identidade afro-baiana.

Turnê terá início em agosto

O Balé Folclórico da Bahia (BFB) inicia, no mês de agosto, sua primeira turnê nacional financiada pela Lei de Incentivo à Cultura. A companhia vai percorrer as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste com o espetáculo “O Balé Que Você Não Vê“, com estreia no dia 22 no MoviRio Festival (RJ). A turnê seguirá por cidades como São Paulo, Campinas, Goiânia, Florianópolis, Porto Alegre e Novo Hamburgo até outubro.

Espetáculo evidencia resistência e trajetória do grupo

De acordo com o diretor-geral do BFB, Walson Botelho, o espetáculo reflete a resistência do grupo. “Ele foi montado e teve sua estreia mundial depois de mais de dois anos sem a companhia se apresentar. Foi um enorme desafio, mas também uma grande celebração”. A montagem traz coreografias inéditas e o clássico “Afixirê“, de Rosângela Silvestre.

Segundo ele, manter a excelência artística é um desafio constante. “A realidade da companhia envolve muita preparação e disciplina, um trabalho exaustivo e diário”, afirmou. Ele também destacou que poucas companhias privadas resistem por tanto tempo sem patrocínio contínuo.