Morre Bira presidente, fundador do Cacique de Ramos e um dos criadores do Fundo de Quintal, aos 88 anos
Bira ficou conhecido por sua trajetória como uma das figuras mais influentes do samba

O percussionista, cantor e compositor Bira Presidente, fundador do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, morreu aos 88 anos, na noite deste sábado (14), no Rio de Janeiro. Ele estava em tratamento contra um câncer de próstata e sofria de Alzheimer.
Nascido Ubirajara Félix do Nascimento, Bira ficou conhecido por sua trajetória como uma das figuras mais influentes do samba, deixando um legado que marcou gerações de músicos e admiradores do gênero.
Trajetória no samba e na cultura carioca
Filho de Domingos Félix do Nascimento e Conceição de Souza Nascimento, Bira cresceu no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Desde a infância, teve contato com o universo do samba e do choro, frequentando rodas com nomes como Pixinguinha, João da Baiana e Donga. A espiritualidade também foi uma presença constante em sua vida.
Sua mãe, adepta da Umbanda, conduzia festas familiares que uniam rituais religiosos e celebrações ao som do samba. Aos sete anos, Bira teve seu primeiro contato direto com o samba de escola, participando da Estação Primeira de Mangueira, escola que sempre considerou como sua de coração.
Em 20 de janeiro de 1961, Bira fundou ao lado de amigos e familiares o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos. O bloco carnavalesco rapidamente se tornou um dos principais centros culturais do samba no Brasil. O Cacique surgiu da união de pequenos blocos do bairro de Ramos e logo ganhou destaque pelas rodas de samba realizadas em sua sede, carinhosamente chamada de “Doce Refúgio”.
Os desfiles organizados pelo grupo, tanto no próprio bairro quanto no Centro do Rio, consolidaram o Cacique de Ramos como uma das referências do carnaval carioca. Bira foi o primeiro e único presidente da agremiação até sua morte, sendo chamado de “o próprio Cacique”.
Criação do Fundo de Quintal
No final da década de 1970, as rodas de samba do Cacique deram origem ao Fundo de Quintal, grupo que teve Bira como um dos fundadores. A inovação veio com a introdução de instrumentos como tantã, repique de mão e banjo, criando uma nova sonoridade no samba de raiz.
Entre os principais sucessos do grupo estão músicas como O show tem que continuar, A amizade, Do fundo do nosso quintal, Lucidez e Nosso grito. Conhecido por seu carisma e domínio no pandeiro, Bira marcou presença nas rodas de samba e nos palcos por onde passou, sendo reconhecido pelo público e por colegas músicos.
Ele participou de gravações históricas, como no álbum De pé no chão, de Beth Carvalho. Também acompanhou artistas renomados da Música Popular Brasileira, sendo um dos pandeiristas mais requisitados de sua geração.
Além da carreira artística, Bira trabalhou durante anos como servidor público antes de se dedicar integralmente à música. Era pai de duas filhas, avô de dois netos e bisavô de uma menina chamada Lua.
Vida pessoal e legado
Torcedor do Flamengo e entusiasta da dança de salão, Bira Presidente era uma figura querida e respeitada também por toda a comunidade cultural do Rio de Janeiro. Sua trajetória como líder comunitário, músico e símbolo do Cacique de Ramos o tornou um dos nomes mais importantes da história do samba brasileiro.
O Cacique de Ramos e o Grupo Fundo de Quintal divulgaram uma nota oficial sobre o falecimento. Confira a nota completa:
“Hoje nos despedimos daquele que é o próprio Cacique. O Grêmio Recreativo Cacique de Ramos e o Grupo Fundo de Quintal informam, com profundo pesar, o falecimento de Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira Presidente, ocorrido às 23h55 do sábado, 14 de junho de 2025, aos 88 anos, no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca.
Em decorrência de complicações relacionadas ao câncer de próstata e ao Alzheimer. Fundador do Cacique de Ramos e um dos criadores do grupo Fundo de Quintal, Bira construiu uma trajetória marcada pela firmeza, pela ética e pela contribuição inestimável ao samba e à cultura popular brasileira. Sua atuação no Cacique de Ramos moldou o bloco e o samba, o Doce Refúgio se tornou um espaço de referência cultural”.
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