Lelo Filho comemora 43 anos de carreira e revela segredo por trás do sucesso de Fanta e Pandora
Para ator, diretor e produtor, fórmula do sucesso passa pela comunicação direta com público

O ator, diretor e produtor Lelo Filho foi o convidado, desta sexta-feira (9), do programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM), e relembrou momentos marcantes de sua carreira artística, marcada pela irreverência, pela crítica social e pela renovação constante. Conhecido como um dos criadores da Companhia Baiana de Patifaria, Lelo está em cartaz com o espetáculo Fanta e Pandora, uma folia em cena, montagem que celebra os 37 anos da icônica dupla nascida na peça A Bofetada.
“Fanta e Pandora ultrapassaram eras políticas, sociais, econômicas e mundiais. A gente vai falando de assuntos, vai renovando, vai atualizando. Acho que esse é o segredo da longevidade”, afirma o ator.
Origem de Fanta e Pandora
Para o diretor, a fórmula do sucesso passa pela comunicação direta com o público. “Desde o momento que elas entraram em cena, no dia 24 de novembro de 1988, no Teatro Castro Alves, a plateia virou o terceiro personagem.”
Na entrevista, Lelo Filho detalhou como a dupla surgiu de forma quase improvisada e correu o risco de nem ser incluída no espetáculo original. “Parecia uma cena que não funcionava nos ensaios. O diretor Fernando Guerreiro achou que não iria dar certo. Mas eu e Frank Menezes, que fazia Pandora na época, insistimos para testar ao vivo”
A dinâmica da cena — duas professoras que dão aula tendo a plateia como alunos — criou uma identificação imediata. “Desde então, essa comunicação com o público é o que nos move. Cada apresentação é diferente, porque cada plateia é única”, pontua Lelo.
Improviso como assinatura
Ao longo da conversa, Lelo reforçou o papel do improviso como parte essencial do trabalho da Companhia Baiana de Patifaria, que percorreu mais de 80 cidades e foi assistida por mais de 2 milhões de pessoas.
“A gente segue o texto, claro, respeita os autores, mas há uma liberdade criativa que virou nossa marca. O caco — essa criação espontânea — precisa ter limite, mas é um ingrediente que renova a obra”.
Segundo ele, o improviso também é uma ferramenta política e ética no palco. “A tentativa é que a gente ria sempre de quem oprime, nunca de quem é oprimido. Isso é uma característica muito forte da Companhia”.
Espetáculo em constante mutação
Na temporada atual, em cartaz até o fim do mês, o espetáculo Fanta e Pandora, uma folia em cena leva à cena não apenas os personagens clássicos, mas também figuras da cultura pop e do noticiário recente. “Maurício Martins, que interpreta Paloma, entra toda semana com um novo personagem. Já foi Baby Consuelo, Lady Gaga, agora ele está preparando o Papa Leão 14 para este fim de semana”, relata Lelo.
O elenco conta ainda com Rodrigo Vila, que vive Pandora há 8 anos, e com Maurício, um antigo colaborador da companhia que assumiu papel de destaque em homenagem ao saudoso ator Moacir Moreno. “Maurício trabalhou nos bastidores por anos e nosso sonho era levá-lo para a cena. Agora, ele é um motor criativo. importantíssimo para essas atualizações semanais”, diz.
Além de atuar, Maurício é responsável pela produção de figurinos e personagens, com apoio do acervo Boca de Cena, o maior do Norte-Nordeste, localizado no Forte do Barbalho. “Quem não conhece precisa conhecer. Lá tem fantasia pra tudo — inclusive pros absurdos do noticiário”, brinca Lelo.
Outras produções e importância da renovação permanente
Mesmo com o foco atual em Fanta e Pandora, Lelo não abandonou outros projetos. “Faço paralelamente o Fora da Ordem, num projeto de arte e educação que já dura 11 anos”, conta.
Ele também relembrou montagens marcantes como Noviças Rebeldes, Siricutico, A Vaca Lelé e Capitães da Areia, todas reconhecidas pela crítica nacional. “Noviças Rebeldes chegou até Nova York, no circuito off-Broadway. E mesmo ali, com texto fechado e direção de Wolf Maya, a gente conseguia inserir novidades”.
Teatro baiano como resistência: humor com crítica e afeto
Para Lelo, o teatro produzido na Bahia é uma forma de resistência cultural e política, especialmente em tempos de polarização.
“A gente faz humor, sim. Mas faz com consciência. A gente provoca, atualiza, questiona. Sem isso, a arte perde a alma”.
A nova temporada de Fanta e Pandora, uma folia em cena está em cartaz em Salvador até o fim de maio, com apresentações sempre lotadas. E o carinho do público se espalha por todo o estado. “Recebo mensagens de gente pedindo pra irmos a Alagoinhas, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus. É muito bonito ver esse afeto durar tanto tempo”.
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