Os carros emblemáticos com as imagens do Caboclo e da Cabocla deixam o Campo Grande neste sábado (5), a partir das 18h, para retornar ao Pavilhão 2 de Julho, na Lapinha. A tradição marca o encerramento dos festejos do 2 de Julho, data que celebra a Independência da Bahia, e reúne manifestações populares no trajeto pelas ruas do centro de Salvador. Os carros estavam expostos desde a quarta-feira (2), quando ocorreram os principais desfiles cívicos.

Como de costume, a volta ao Pavilhão conta com forte presença popular e devotos de religiões de matriz africana. Ao final do trajeto, os caboclos são recebidos com rituais simbólicos e seguem para restauração. Eles permanecem guardados até os festejos do próximo ano. O cortejo percorre o mesmo caminho da ida, saindo do Centro Histórico até a Lapinha, onde os carros são acolhidos em meio a aplausos, oferendas e homenagens.

Celebração ganha força com identidade própria

Em entrevista ao Portal M!, nesta sexta-feira (4), o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, enfatizou que a cada ano, cresce o número de participantes na Volta da Cabocla, consolidando o ato como mais do que um encerramento festivo, mas um momento de celebração da identidade e da resistência baiana.

“A Volta da Cabocla já é uma tradição, na verdade, que as pessoas não se ligam muito. A Cabocla e o Caboclo saem no 2 de Julho para o Campo Grande e no dia 5 eles voltam para casa”, explicou.

Segundo ele, o retorno tem características próprias que o tornam especial. “Essa volta do Caboclo é muito especial. Primeiro, porque ela vai numa alta velocidade, uma grande folia. Então ela chega num tempo recorde, vai correndo mesmo, o povo todo dançando atrás”.

Para ele, o ponto mais marcante acontece no encerramento do percurso. “O momento mais emocionante é quando eles chegam na Lapinha. Tem uma verdadeira multidão esperando. E aí tem aquele processo todo de aplauso, jogam arroz, o carro está cheio de oferenda, muito bonito essa entrada dentro da casa, porque a gente não vê eles saindo, saem muito cedo, então eles voltando para dentro de casa”.

Percurso mantém simbolismo histórico

O trajeto é o mesmo feito no dia 2 de Julho, reforçando o simbolismo do percurso da liberdade. “Ele passa pelo mesmo percurso, ele vai daqui do Campo Grande, passa pelo Centro Histórico todo, a Avenida Sete, Rua Chile, Pelourinho, Carmo, Soledade até chegar na Lapinha”, detalhou.

A saída, prevista para às 6h30, vai ganhando força ao longo do caminho. “É o mesmo processo da ida, vai direto. Quanto mais vai passando, vai pegando gente”.

Com identidade própria, a celebração da volta tem ganhado novas camadas de significado. “Essa na verdade é uma festa muito mais autêntica, eu acho muito mais genial”, afirmou.

Ele também lembrou que, no passado, o retorno era visto com desinteresse. “A volta da Cabocla representava no passado a dificuldade que ninguém queria ir, então a gente pode falar que a volta da Cabocla pode estar passando por um processo de transformação mesmo”, frisou.

Atuando na organização do evento por meio da Fundação que promove as atividades, Guerreiro destacou o crescimento da celebração. “Estou fazendo essa festa há um tempo já por conta da Fundação. São duas festas que estão no crescimento absurdo, 2 de Julho e Santa Bárbara”.