A Casa das Histórias de Salvador inaugura, neste sábado (1º), às 11h, a exposição Floresta de Infinitos, marcando a abertura do Novembro Salvador Capital Afro 2025, promovido pela Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult). A entrada será gratuita no dia da inauguração.

A mostra reúne 16 artistas de diferentes regiões do Brasil, sob curadoria de Ayrson Heráclito, Marcelo Campos, Thaís Darzé e Tiganá Santana, e propõe uma experiência imersiva que conecta arte, espiritualidade e ecologia.

Exposição promove travessia entre ancestralidade e ecologia

Inspirada na instalação apresentada na 35ª Bienal de São Paulo, em 2023, Floresta de Infinitos amplia o conceito da obra original e propõe novas relações com entidades africanas, afro-brasileiras e indígenas. A exposição aborda temas ligados à ancestralidade, território e espiritualidade, convidando o público a refletir sobre desmatamento, crise climática, extinção de espécies e violência contra povos da floresta.

A vice-prefeita e secretária de Cultura e Turismo, Ana Paula Matos (PDT), destacou a importância da exposição no calendário cultural de novembro. Ela explicou que a exposição aborda as raízes, de espiritualidade e de natureza.

“Temas profundamente conectados à identidade de Salvador e ao legado dos povos africanos que moldaram nossa cidade. Começar o Salvador Capital Afro com essa travessia poética é uma forma de reafirmar nossa história, nosso orgulho e nossa herança viva”, afirmou.

Segundo o artista e curador Ayrson Heráclito, a remontagem na capital baiana tem um valor simbólico. “Revisitar na Bahia esse trabalho tão importante, que nos representou na Bienal de São Paulo em 2023, é fundamental. Grande parte das pessoas que compõem esse trabalho são baianas, como Mãe Stella de Oxóssi e Mãe Edna. Trazer essa obra, que evoca memória e ancestralidade, tem um significado profundo”, explicou.

Homenagem aos guardiões da floresta

A instalação presta homenagem aos guardiões da floresta, humanos e não humanos, reconhecidos pela defesa da vida e do território. Entre os homenageados estão Chico Mendes, Dom Phillips, Bruno Pereira, Mãe Stella de Oxóssi, Joãozinho da Goméia, Mãe Edna e Mãe Mirinha de Portão, além de presenças simbólicas como o Rio Doce, a perereca-verde-de-fímbria e o pássaro peito-vermelho-grande.

O artista e curador Tiganá Santana ressaltou o sentido espiritual da mostra. “Esta floresta sonhada por mim e por Ayrson, no sentido de aproximar-se, a um só tempo, dos sonhos de candomblé e do sonhar yanomami, parte de nossas existências baianas. Sua instalação em Salvador apresenta um eixo profundo do seu significado para nós”, afirmou.

Experiência sensorial e múltiplas linguagens

Em sua montagem na capital baiana, Floresta de Infinitos transforma-se em uma travessia sensorial na Casa das Histórias. O visitante é convidado a caminhar por uma mata simbólica, onde luz, som e aroma constroem um ambiente que mistura o visível e o invisível, a arte e o axé.

Com 60 obras, a mostra abrange diferentes linguagens, como pintura, escultura, fotografia, performance e arte digital, que evocam a presença dos orixás, das forças da natureza e das memórias ancestrais.

Entre os artistas participantes estão Alana Barbo, Aline Brune, Ani Ganzala, Arissana Pataxó, Davi Rodrigues, Edsoleda Santos, Frans Krajcberg, Laryssa Machada, Mateus Morbeck, Mayara Ferrão, Mestre Dicinho, Presciliano Silva, Tiago Sant’Ana, Ventura Profana, Yacunã Tuxá e Jaider Esbell.

Exposição promove diálogo entre passado e presente, diz curadora

Para a curadora Thaís Darzé, a nova montagem cria um território de partilha que une artistas consagrados e emergentes, conectando gerações, linguagens e visões de mundo. Ela destaca a parceria com o Arquivo Público de Salvador, que contribui com imagens históricas para o diálogo entre memória e contemporaneidade.

“O Arquivo Público de Salvador oferece sua contribuição com a presença da memória, tão viva e tão material, criando uma ressonância potente com a proposta da mostra”, afirmou.

O curador Marcelo Campos destacou que a montagem mantém o conceito original da Bienal, agora em diálogo com novas produções e contextos. “A própria instalação conduziu as escolhas curatoriais dos 16 participantes, guiadas pelas ideias de floresta e de infinito”, disse.

A exposição tem assistência de curadoria de Paulo Otávio Laia, produção executiva de Claudia Lima, coordenação de produção de Mariana Vaz, expografia de Alessandro Vital, produção da Janela do Mundo e coprodução da Hasta La Luna.

Conheça a Casa das Histórias de Salvador

A Casa das Histórias de Salvador é um equipamento cultural da Prefeitura, considerado o primeiro centro de interpretação do patrimônio do Brasil. O espaço promove a reflexão sobre os patrimônios materiais e imateriais da cidade por meio de tecnologias digitais e interativas.

A instituição é gerida pela Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) em cooperação com a Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador, e integra o conjunto de ações do programa Salvador Capital Afro, que celebra a cultura negra e suas expressões na capital baiana.