Após a morte do papa Francisco no último dia 21, teve início, na quarta-feira (7), o processo para escolha do novo líder da Igreja Católica. Por conta disso, um filme acabou se tornando um dos mais assistidos e comentados nos últimos dias. Conclave é uma produção de 2024, dirigida pelo cineasta Edward Berger (Nada de Novo no Front) e estrelada pelos atores Ralph Fiennes e Isabella Rossellini.

O longa tem despertado o interesse do público por abordar o jogo político envolvido na eleição de um novo papa. No entanto, nem sempre as produções cinematográficas reproduzem com total fidelidade a realidade. Com isso em mente, o Portal M! separou o que é verdade no filme indicado ao Oscar.

Processo de votação e isolamento

A representação da votação dos cardeais é um dos pontos em que Conclave mais se aproxima da realidade. No filme, assim como na prática, os 133 cardeais eleitores preenchem manualmente um papel com a inscrição “Eligo in Summum Pontificem” (Escolho como Sumo Pontífice), indicando seu candidato. Antes de depositar o voto na urna, cada religioso faz um juramento formal.

Outro aspecto fiel é o isolamento dos cardeais na Casa Santa Marta, medida adotada para impedir interferências externas no processo eleitoral. No filme, os religiosos interagem livremente entre si durante o período do Conclave, o que também ocorre na vida real. Em casos excepcionais, o decano do Colégio de Cardeais pode autorizar saídas limitadas, desde que justificadas por extrema necessidade.

Divisões entre cardeais e rito fúnebre

Outro acerto do longa-metragem é a representação das divisões políticas entre os cardeais, que costumam se agrupar de acordo com linhas ideológicas. Existem grupos formados por conservadores, liberais e indecisos, que buscam alinhar suas escolhas com suas visões sobre o futuro da Igreja.

É dentro desses grupos que se iniciam as articulações políticas para eleger o novo papa, já que cada vertente tenta emplacar um pontífice que represente seus ideais. No entanto, diferentemente do que se vê no filme, essas articulações são mais discretas. O longa intensifica o drama dessas interações como recurso narrativo.

Assim como no filme, na vida real, quando um papa morre, o quarto que ele habitava é lacrado, e o Anel do Pescador, símbolo oficial do pontífice, é destruído. O longa não retrata as cerimônias do velório do papa, mas, com base no que foi visto no funeral de Francisco, a cerimônia dura vários dias, além do período de luto, antes do início do conclave.

Exageros do filme

A produção incorpora reviravoltas e conspirações para reforçar a atmosfera de suspense político. Muitas das situações apresentadas, no entanto, nunca aconteceram e dificilmente ocorreriam de maneira tão explícita, como retratado. Escândalos sexuais envolvendo cardeais ou a destituição de um deles seriam tratados de forma mais sigilosa.

Outro ponto fictício é a participação de um cardeal nomeado in pectore (em segredo). Embora esse tipo de nomeação seja possível, o cardeal só poderia participar do conclave se sua nomeação tivesse sido revelada antes da morte do papa.

Filme foi assistido por cardeais do Conclave real

Segundo o portal internacional Politico, os cardeais que estão participando da escolha do sucessor de Francisco assistiram ao filme de Edward Berger. Ainda de acordo com a publicação, o objetivo seria entender melhor como funciona o processo de eleição. Dos 133 cardeais votantes, 103 estão participando pela primeira vez, e o longa teria servido como uma espécie de orientação preliminar.

Não há, porém, informações sobre como o filme foi recebido pelos religiosos nem sobre a forma como a produção está sendo comentada. Quando lançado, alguns cardeais já haviam afirmado que Conclave é uma obra de ficção e não deve ser encarado como um retrato fiel da realidade.

Filmes sobre papas em alta

Além de Conclave, outro filme que também tem feito sucesso é Dois Papas, que imagina um encontro entre o papa Francisco e o papa Bento XVI. Na trama, Francisco reflete sobre a possibilidade de se aposentar e busca o conselho de seu antecessor, que renunciou ao papado. A produção está disponível na Netflix, enquanto Conclave estreou no streaming Prime Vídeo.