A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (25), o projeto de lei que institui o Dia Nacional da Axé Music. A proposta, de autoria da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), obteve 269 votos favoráveis e agora segue para análise no Senado Federal. O projeto teve como relator o deputado baiano Daniel Almeida (PCdoB-BA), que reforçou a importância do reconhecimento da Axé Music como um dos maiores movimentos culturais do país.

A escolha da data para celebrar o novo marco no calendário nacional não foi aleatória. O dia 17 de fevereiro foi definido em homenagem à trajetória do gênero, que em 2025 completa 40 anos de história. Com uma sonoridade que mistura samba-reggae, frevo, rock e pop, a Axé Music se consolidou como um dos maiores expoentes da cultura baiana e brasileira, rompendo fronteiras e conquistando públicos dentro e fora do país.

Importância econômica e cultural da Axé Music

Ao defender a proposta no plenário, Lídice da Mata destacou o impacto econômico e social da Axé Music, sobretudo para a Bahia. Segundo a parlamentar, o gênero não apenas impulsionou a cultura local, mas também gerou oportunidades de trabalho para milhares de profissionais ao longo das últimas décadas.

“Esse é um movimento musical que saiu da Bahia e tomou conta do Brasil em dezenas de carnavais, gerando empregos e renda para músicos, produtores e todos aqueles que trabalham na cadeia produtiva da festa. Esse é um dia merecido, e precisamos reconhecer a importância desse movimento para a economia criativa do Brasil”, afirmou a deputada.

Ela também ressaltou que o Carnaval de Salvador, impulsionado pelo sucesso da Axé Music, movimenta cerca de R$ 6 bilhões por ano e gera milhares de empregos diretos e indiretos. “A Axé Music contribui para a geração de postos de trabalho formais e informais e fortalece o turismo, que é um dos pilares econômicos do nosso estado”, enfatizou Lídice.

O relator da proposta, Daniel Almeida, também defendeu a criação da data como um marco para valorizar as expressões culturais brasileiras. Para ele, reconhecer a Axé Music como um patrimônio cultural é fundamental para preservar sua história e destacar sua relevância na formação da identidade nacional.

“Esse movimento não pertence apenas à Bahia, mas ao Brasil e ao mundo. Ele ajudou a moldar a identidade musical do nosso país e merece ser celebrado. A Axé Music foi responsável por revelar grandes nomes da música brasileira e popularizar ritmos que são a cara do nosso povo”, declarou Almeida.

Apoio da bancada baiana e reconhecimento nacional

A aprovação do projeto contou com amplo apoio da bancada baiana e de parlamentares de diferentes estados e partidos. Entre os que discursaram a favor da proposta estavam os deputados Léo Prates (PDT-BA) e José Rocha (União-BA), além de figuras de outras regiões, como Érika Kokay (PT-DF), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Tarcísio Mota (PSOL-RJ).

Os defensores do projeto destacaram que a Axé Music transcende a Bahia e se tornou um fenômeno de relevância nacional e internacional. Desde sua ascensão nos anos 1980, o gênero lançou artistas que marcaram gerações, como Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Bell Marques, Claudia Leitte, Margareth Menezes e muitos outros.

O reconhecimento oficial da data, segundo os parlamentares, também fortalece o compromisso do poder público com a valorização da cultura popular brasileira. “A criação do Dia Nacional da Axé Music é um passo importante para garantir que esse movimento continue vivo e seja lembrado pelas próximas gerações”, pontuou Daniel Almeida.

Quatro décadas de história e influência

A Axé Music surgiu no início da década de 1980 em Salvador, durante o Carnaval, como uma fusão de ritmos afro-brasileiros com elementos do pop, rock e frevo. Seu crescimento foi impulsionado pelo sucesso de artistas como Luiz Caldas, que lançou em 1985 o hit “Fricote”, considerado um dos primeiros marcos do gênero.

Desde então, a Axé Music se reinventou ao longo dos anos, incorporando novas influências e conquistando diferentes públicos. Grandes eventos, como o Carnaval de Salvador e o Festival de Verão, ajudaram a solidificar o gênero, tornando-o referência dentro da música brasileira.

Além de seu impacto no entretenimento, a Axé Music também contribuiu para a valorização da cultura afro-brasileira, promovendo a diversidade e o protagonismo de artistas baianos no cenário nacional. “A Axé Music é mais do que um estilo musical, é uma manifestação de alegria, resistência e identidade cultural. O reconhecimento desse movimento é, acima de tudo, uma forma de preservar nossa história e exaltar a riqueza da nossa música”, destacou Lídice da Mata.

Agora, com a aprovação na Câmara, o projeto segue para votação no Senado. Caso seja sancionado, o Dia Nacional da Axé Music passará a fazer parte do calendário oficial do Brasil, garantindo ainda mais visibilidade a um dos movimentos musicais mais icônicos do país.