190 anos da Revolta dos Malês será tema de evento na Biblioteca Central
Evento será realizado nesta quarta-feira (5), a partir das 16h

A Fundação Pedro Calmon (FPC), órgão vinculado à Secretaria de Cultura (Secult-BA), sediará um evento em celebração aos 190 anos da Revolta dos Malês. O evento será realizado nesta quarta-feira (5), a partir das 16h, na Biblioteca Central do Estado da Bahia, com o tema “Malês na Bahia: 190 Anos de Luta”. O objetivo é levar ao público a história do Levante dos Malês, uma das mais importantes revoltas lideradas por africanos muçulmanos escravizados, ocorrida na madrugada de 25 de janeiro de 1835, em Salvador.
“Dando continuidade à primeira edição do Ciclo de Palestras sobre ‘Malês na Bahia: 190 Anos de Luta’, iremos dialogar sobre dança, ancestralidade e insurgência: reflexões sobre os Malês (…) com destaque para a resistência dos africanos escravizados, sua luta por liberdade e igualdade e sua contribuição para a formação da identidade cultural e política do país. Essa discussão se torna ainda mais relevante, pois, em 2025, a revolta completa 190 anos”, comentou Casemiro da Silva Junior, coordenador da Biblioteca Virtual Consuelo Pondé.
Reflexão sobre a história
O evento também busca debater o impacto que a revolta deixou na história do Brasil e na luta afro-brasileira. Para isso, contará com a participação de importantes nomes da cultura e da pesquisa acadêmica, que destacarão os marcos históricos da Revolta dos Malês.
Entre os convidados estão o bailarino Agnaldo Fonsêca e a pós-doutora em artes cênicas, Nadir Nóbrega Oliveira, que participarão de um debate mediado pela bailarina e produtora cultural, Inah Irenam. O debate envolverá estudantes, professores, pesquisadores e o público interessado na história afro-brasileira.
Homenagem ao bloco Malê Debalê
Além das discussões, o evento incluirá a abertura da exposição “45 Anos do Bloco Malê Debalê”, ressaltando a relevância do grupo para a cultura afro-baiana. Durante o evento, haverá também a apresentação das rainhas e do rei Malezinho de 2023 e 2024, uma tradição do grupo que faz referência a manifestações culturais ligadas à resistência dos malês.
O que foi a Revolta dos Malês?
No ano de 1835, cerca de 600 escravizados africanos tomaram as ruas da capital baiana, lutando contra a opressão da escravidão e surgindo como um grupo de resistência. A Revolta dos Malês foi caracterizada, em grande parte, pela presença dos africanos muçulmanos, cuja fé e cultura contribuíram para a organização e determinação do movimento.
“Embora tenha durado pouco tempo, foi o levante de escravizados urbanos mais sério ocorrido nas Américas”, afirmou o historiador João José dos Reis no livro Rebelião Escrava no Brasil: A História do Levante dos Malês (1835).
De acordo com o historiador, Salvador tinha, na época da revolta, 65,5 mil habitantes, sendo 42% escravizados (27,5 mil) e 29,8% negros ou pardos livres (19,5 mil). Já os brancos representavam 28,8% da população da capital baiana (18,5 mil). Reis estimou ainda que, por causa da revolta, 70 africanos morreram nos conflitos e ao menos 500 foram punidos com penas de morte, prisão, açoites ou deportação.
Sobre o evento
A celebração “Malês na Bahia: 190 Anos de Luta” acontecerá na Biblioteca Central do Estado da Bahia, localizada no bairro dos Barris. O evento tem entrada gratuita e será aberto ao público, prometendo ser uma oportunidade valiosa para aprofundar o conhecimento sobre a história dos malês e sua influência na construção da identidade brasileira.
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