Após 17 anos à frente do Balanço Geral na Record Bahia, o jornalista José Eduardo, conhecido como Bocão, revelou nesta segunda-feira (16), aos jornalistas Matheus Morais e Osvaldo Lyra, editor-chefe do M!, durante o programa De Olho na Bahia, da Rádio Mix Salvador (104.3 FM), que pretende dar um novo rumo à carreira, focando em projetos mais leves e que permitam maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Fora da televisão pela primeira vez em quase duas décadas, o comunicador baiano afirmou que vai priorizar iniciativas assistenciais e buscar mais tempo com a família.

Segundo ele, a ideia principal é desenvolver um programa voltado para ações populares, nos moldes do jornalismo que o consagrou, mas com um formato mais independente e fora da televisão aberta por ora. “Quero estar na porta de um hospital, na fila do ferryboat, do meu jeito, como eu sei fazer. Quero continuar ajudando, mas agora com mais qualidade de vida, sem aquela correria insana. É uma fase diferente da minha vida”, afirmou.

Além do novo projeto televisivo, que ainda está em fase inicial, José Eduardo também pretende expandir suas atividades como empresário. Ele já comanda um site de notícias e uma emissora de rádio, que devem receber mais atenção a partir de agora. “Vou rodar o país como empresário. Tenho site, rádio e também projetos para a televisão, mas tudo ao seu tempo. Nada que sugue meu tempo e minha vida”, reforçou.

“Não quero mais ser herói”: José Eduardo desabafa sobre pressão e saúde mental

Em tom de desabafo, Zé Eduardo revelou que, por muito tempo, colocou-se em um papel de superação constante, o que lhe trouxe desgaste emocional. “Eu era um cara que queria ser herói todo dia. Não quero mais ser herói. Eu quero viver, quero ter meu tempo, quero ter meu direito de almoçar, de ficar em casa, de ficar com meu filho.” Ele disse que pediu, ainda na Record, para reduzir o tempo de programa, mas a solicitação não foi bem compreendida pela direção da emissora. “Acharam que era um privilégio que estariam me dando, mas era a minha saúde mental que estava ali”, afirmou.

Ele ainda destacou que o formato extenso do programa e o tipo de jornalismo feito ao meio-dia pesaram em sua decisão de sair. “O tempo de duração e o conteúdo que a gente tinha que entregar acabavam tomando tudo da gente. Chegou a hora de respirar, de pensar outras coisas e de viver melhor”, afirmou.

Mais tempo para a vida pessoal

Uma das principais motivações para a mudança de rotina, segundo o próprio jornalista, foi a necessidade de se reconectar com aspectos da vida pessoal que ficaram em segundo plano durante os anos de televisão diária. “Quero ter hora de almoço, ver meu filho crescer, me dedicar à minha família. Quero dormir bem e fazer minhas coisas com qualidade. Agora terei esse tempo e darei um tempo de televisão”, declarou.

O comunicador deixou claro que não está se aposentando, mas sim redirecionando sua carreira para um modelo mais sustentável e alinhado aos seus desejos atuais. Ele também não descartou voltar à TV futuramente, mas frisou que isso dependerá de como os projetos se desenvolverão e do tempo que estiver disposto a investir.

Durante a entrevista, ele citou a colega Jéssica Senra, ex-TV Bahia, como exemplo de quem também decidiu deixar a própria emissora por não suportar mais a pressão do trabalho. “A Jéssica saiu por causa disso, não aguentava mais também. Então assim, eu entendo. Cada um tem seu limite. O meu chegou.” A fala reforça a crítica de José Eduardo à carga emocional exigida pela rotina de um programa como o Balanço Geral e à falta de sensibilidade da emissora com o bem-estar dos apresentadores.

Futuro do Balanço Geral na Record Bahia

Questionado sobre quem poderia substituí-lo no comando do programa, José Eduardo afirmou que gostaria de ver alguém da própria equipe assumindo a atração. Apesar de ter sido sugerido como possível sucessor, Marcus Pimenta, que atualmente apresenta a versão do programa em Belém (PA), foi tratado com cautela por José Eduardo.

“Não sei como vai ser. Uma coisa é comandar esse programa em Belém do Pará, outra coisa é aqui em Salvador. Lá na Record tem nomes que poderiam apresentar, como Gomes Nascimento, Fábio Gomes, a própria Jéssica Smetak, gente que até estava sendo preparada para isso. A emissora sabe o que faz”, disse, demonstrando confiança na decisão da casa.

José Eduardo disse ainda que não conhece o trabalho de Marcus Pimenta e reforçou que a adaptação ao público baiano é um grande desafio. “É muito difícil comunicar pra população. Não é fácil chegar ali e dizer que vai dar 30 pontos. Eu nunca digo ‘eu’, digo ‘a gente’, porque não trabalho só. Se não tiver uma equipe bala, não vai para lugar nenhum.”