Paolla Oliveira defende direito ao aborto e reflete sobre pressões impostas às mulheres
Atriz fala sobre autonomia feminina, alcoolismo, beleza e carnaval durante participação no programa Roda Viva

A atriz Paolla Oliveira defendeu, nesta segunda-feira (5), durante participação no Roda Viva da TV Cultura, o direito ao aborto no Brasil. Reconhecida por seu ativismo em pautas femininas, Paolla foi direta ao afirmar que considera o aborto uma escolha legítima da mulher, inserindo a questão dentro de um espectro mais amplo de autonomia corporal e liberdade individual.
A atriz explicou que o debate sobre os direitos femininos ainda é cercado por tabus e resistências culturais, o que, segundo ela, impõe limitações à vida das mulheres. Ao tratar do aborto, ressaltou que a decisão de interromper uma gravidez deve ser exclusivamente da mulher, e criticou o que chamou de retrocesso nos debates sobre o tema. Sem adotar um tom panfletário, Paolla apresentou sua opinião como parte de um discurso que defende o direito de escolha em diferentes esferas da vida feminina — do corpo à maternidade.
Corpo, beleza e padrões: os desafios da mulher pública
A pressão estética também foi um ponto central da entrevista. Paolla relatou como, ao longo da carreira, enfrentou cobranças sobre o próprio corpo e os padrões de beleza impostos especialmente às mulheres no meio artístico. Com sinceridade, revelou que demorou a encontrar um espaço de aceitação e libertação em relação a essas exigências.
Segundo a atriz, muitas mulheres enfrentam o mesmo tipo de julgamento. Ela relatou experiências em que se sentiu desconfortável ao tentar se encaixar em estéticas padronizadas, mas afirmou que esse processo também a levou a ressignificar sua própria imagem. O discurso de empoderamento se estende à decisão de não ter filhos, algo que, segundo ela, já foi motivo de constrangimento em entrevistas e conversas públicas. Hoje, Paolla declara com tranquilidade que essa é uma escolha pessoal e deve ser respeitada.
Complexidade de Heleninha e atualidade de ‘Vale Tudo’
Na dramaturgia, Paolla está envolvida em um dos remakes mais aguardados da TV brasileira: Vale Tudo. No papel de Heleninha Roitman, personagem originalmente interpretada por Renata Sorrah, ela tem buscado aprofundar as camadas da figura marcada pelo alcoolismo e conflitos familiares. Durante a entrevista, Paolla refletiu sobre a forma como a personagem foi, por vezes, reduzida a estereótipos como o da “mulher escandalosa” ou “a bêbada da novela”.
“A Heleninha, a gente tem ela quase que como um estereótipo. A mulher da crise, a mulher do escândalo, a bêbada”, disse Paolla
Para a atriz, Heleninha é mais do que isso — é uma mulher em luta interna, marcada por dores e contradições que continuam atuais. Paolla disse ter estudado como a sociedade brasileira evoluiu no tratamento de dependências químicas, como o alcoolismo, mas observou que o estigma ainda é persistente. Essa atualização da personagem reflete um esforço de levar para o público uma leitura mais humana e contemporânea do drama vivido por Heleninha.
“A novela é super atual […] Procurei muito sobre as mudanças do alcoolismo de lá para cá, então eu vejo que [o Brasil] mudou bastante, mas que os estigmas continuam”, disse a atriz.
Carnaval, raízes populares e a saída da Sapucaí
Ao falar sobre sua saída do posto de rainha de bateria da Grande Rio, Paolla Oliveira demonstrou carinho pelo carnaval, que descreveu como uma expressão de cultura, liberdade e pertencimento. Para ela, a festa não é apenas um espetáculo visual, mas um espaço onde corpos diversos ganham voz e visibilidade. A atriz destacou que o carnaval tem um valor simbólico profundo, especialmente para as comunidades que constroem essa manifestação cultural ao longo de todo o ano.
Sobre quem deveria assumir seu lugar na Sapucaí, Paolla foi enfática: gostaria que fosse uma pessoa da própria comunidade, reforçando a importância de valorizar quem está envolvido diariamente com o universo do samba. A fala reforça seu compromisso com causas sociais e o respeito às raízes populares do carnaval.
Trajetória, feminismo e protagonismo
A entrevista foi conduzida por Carolina Morand, Paola Deodoro, Chico Barney, Marcia Disitzer e Nilson Xavier, com apresentação de Vera Magalhães. Em tom firme, mas sereno, Paolla Oliveira apresentou reflexões que vão além do entretenimento, conectando sua experiência como artista ao papel de mulher em uma sociedade que ainda impõe desafios à igualdade de gênero.
Ao tratar de temas como aborto, padrões estéticos, dependência química e carnaval, a atriz demonstrou coerência com sua trajetória pública, marcada pelo ativismo feminista e por personagens que desafiam normas sociais.
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