Netinho de Paula é investigado por proximidade com operador financeiro do PCC

O cantor e ex-vereador Netinho de Paula é investigado pela Polícia Federal por suposta proximidade com Ademir Pereira de Andrade, apontado como operador financeiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O envolvimento entre os dois foi revelado após a análise de mensagens trocadas entre eles, que indicam uma relação de empréstimos e transações financeiras.

Em um relatório divulgado pelo Metrópoles, investigadores destacaram que Netinho, devido ao volume de empréstimos realizados, tratava Ademir como “Banco da Gente”. Em maio de 2023, o cantor informou ao agiota sobre os pagamentos de dois empréstimos, um de R$ 500 mil e outro de R$ 2 milhões.

“A gente vai se acertando aí e, com relação às questões dos juros, eu vou pagando você o que for dando aí, pode ficar tranquilo, tá bom?”, afirmou o pagodeiro na ocasião.

A PF teve acesso a essas conversas ao quebrar o sigilo telemático do celular de Ademir, apreendido durante a investigação sobre o assassinato de Vinícius Gritzbach, corretor de imóveis e delator do PCC. Gritzbach foi morto em 8 de novembro de 2023, após desembarcar de um voo no Aeroporto Internacional de São Paulo.

Amizade e shows em sítio

A investigação também revelou que a relação entre Netinho e Ademir era próxima, conforme mensagens enviadas pelo cantor.

“Salve, Banco da Gente! Meu mano, tô com saudades, como é que ce tá?“, escreveu Netinho em abril de 2023. Em outra troca de mensagens, o cantor falou sobre a saudade de Ademir, que respondeu informando que passaria o fim de semana em seu sítio, em Igaratá, interior paulista.

Netinho confirmou que se apresentou em eventos no sítio de Ademir, uma informação que foi corroborada pelos advogados do cantor. Em nota, a defesa de Netinho afirmou que o cantor desconhecia o envolvimento de Ademir com atividades criminosas, alegando que ele foi contratado apenas para apresentações corporativas. A equipe jurídica afirmou que aguarda o acesso ao inquérito da PF para se manifestar sobre o caso.

Lavagem de dinheiro e transações financeiras

Além das transações envolvendo empréstimos, as investigações revelaram que Ademir também atuava como doleiro e realizava operações financeiras para ocultar a origem ilícita de recursos. Em uma das conversas, Netinho mencionou um pagamento de US$ 40 mil vindo de Angola e pediu ajuda a Ademir para realizar a operação. “Eu queria tentar uma operação […] Você manja dessas coisas, me dá um toque depois“, disse o cantor.

A PF identificou ainda que Ademir estava envolvido em atividades de lavagem de dinheiro, utilizando empresas de fachada para dissimular transações financeiras ilegais. Em uma das operações, ele transferiu R$ 150 mil para a conta de uma empresa de peças automotivas, pertencente à esposa de Netinho. Segundo os investigadores, o objetivo era esconder a verdadeira origem e destino dos recursos.

Investigações e prisão de Ademir

Ademir Pereira de Andrade foi preso em dezembro de 2023, e, em delação premiada, o delator Gritzbach afirmou que o agiota atuava como testa de ferro para traficantes do PCC.

Em novembro de 2024, o aparelho dele foi apreendido durante investigação sobre o assassinato do corretor de imóveis e delator do PCC Vinícius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. A troca de mensagens estava na nuvem.

Essas revelações fazem parte de uma investigação em andamento que apura o envolvimento de diversos indivíduos com a facção criminosa PCC. A Polícia Federal segue com a análise de provas e depoimentos para aprofundar a apuração sobre o esquema de lavagem de dinheiro e as conexões entre figuras públicas e o crime organizado.