O velório da cantora Nana Caymmi, um dos maiores nomes da música popular brasileira, está sendo realizado nesta sexta-feira (2), desde às 8h30, no Theatro Municipal do Rio, e o enterro está marcado para as 14h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ela morreu aos 84 anos, na noite desta quinta-feira (1º), no Rio de Janeiro. Seu falecimento comoveu personalidades e autoridades, que fizeram homenagens pelo legado da cantora, como os baianos Gilberto Gil e Caetano Veloso.

Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana estava internada há 9 meses na Casa de Saúde São José, tratando uma arritmia cardíaca. Segundo o boletim médico, a causa da morte foi disfunção de múltiplos órgãos.

Internação e complicações de saúde

O músico Danilo Caymmi, irmão de Nana, relatou que a cantora passou por hemodiálise diária e apresentou desconforto respiratório nos últimos meses. Ela também enfrentava um quadro de osteomielite, infecção nos ossos que causava dores intensas. No dia 30 de abril, entrou em choque séptico.

Nana já havia sido diagnosticada com câncer de estômago em 2015 e, mais recentemente, passou por um procedimento de implante de marcapasso.

Trajetória marcada por clássicos da MPB

Batizada como Dinahir Tostes Caymmi, Nana nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua carreira artística nos anos 1960, ao lado do pai. Após se afastar temporariamente da música para se casar e ter filhos, voltou à ativa com o incentivo do irmão Dori Caymmi.

Durante as décadas de 1970 e 1980, gravou canções de Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Sueli Costa, Ivan Lins, João Donato e Dona Ivone Lara. Em 1998, conquistou o grande público com “Resposta ao Tempo”, tema de abertura da minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.

Seu último álbum, Nana, Tom, Vinicius, foi lançado em 2020 e traz reinterpretações de clássicos da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Relacionamento com Gilberto Gil e controvérsias

Entre 1967 e 1969, Nana Caymmi foi casada com o cantor Gilberto Gil, com quem compôs a música “Bom Dia”, apresentada no Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record. O relacionamento ocorreu após seu retorno da Venezuela, onde viveu com o médico Gilberto José, pai de suas filhas Stella e Denise.

Durante esse período, enfrentou preconceito do pai por ter se separado e críticas do público. Em 1966, foi vaiada ao vencer o Festival Internacional da Canção, interpretando “Saveiros”, composta por Dori Caymmi.

“Descanse em paz, querida Nana Caymmi. Por aqui ficam as lembranças dos momentos vividos juntos, sempre com muita intensidade e alegria”, disse Gil em suas redes sociais.

Homenagens de personalidades e autoridades

A morte de Nana Caymmi causou comoção nas redes sociais. Além de Gil, o cantor Caetano Veloso homenageou a artista. “Hoje soube que morreu um dos maiores artistas do Brasil: Nana Caymmi. […] Ela foi, era, é, será um alumbramento do ato de cantar”.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), também lamentou a perda. “Soube com tristeza da partida da grandiosa Nana Caymmi. Ela, que, através de sua voz marcante, tocou corações. O Brasil perde uma de suas maiores cantoras”, escreveu.

A presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, também lamentou a morte e ressaltou a importância da artista. “Nana Caymmi, intérprete e cantora de tantas estórias de nossas vidas. A primeira artista a abrir o Projeto Pixinguinha da Funarte em 1977 ao lado de Ivan Lins. Seu canto é presente. Presente na história da música brasileira e nós agradecemos sua enorme contribuição. Imensa”, disse a baiana.

Legado e influência

Com uma carreira marcada por intensidade emocional, interpretação única e voz inconfundível, Nana Caymmi deixa um legado sólido na música brasileira. Sua trajetória é símbolo de resistência, sensibilidade e sofisticação artística.