O Altas Horas comemorou seus 25 anos no ar com uma edição especial exibida no último sábado (11), na TV Globo, marcada por emoção, nostalgia e encontros memoráveis. Sob o comando de Serginho Groisman, o programa homenageou o cantor baiano Caetano Veloso, que abriu a noite ao som de “Alegria, Alegria”. Entre os convidados na plateia estavam ídolos da música brasileira, como os também baianos Gilberto Gil e Ivete Sangalo, além de Ney Matogrosso, Xande de Pilares e Mosquito.

A atmosfera do programa foi de intimidade e reverência. O cenário lembrava uma sala de estar, onde Caetano e Gil conversaram sobre suas trajetórias, as histórias de amizade, os primeiros encontros em Salvador e até os hábitos pessoais. A cumplicidade entre os dois artistas ficou evidente nas falas e nas risadas compartilhadas, mostrando o quanto essa parceria é parte fundamental da música e da cultura do país.

Encontro entre amigos e gerações da música brasileira

O especial do Altas Horas destacou a força dos laços que unem Caetano Veloso e Gilberto Gil. Juntos, eles interpretaram clássicos como “Desde que o samba é samba” e “Super-Homem (A canção)”, em momentos que levaram o público às lágrimas e fizeram toda a plateia se levantar para aplaudir. A naturalidade da conversa deu lugar à emoção das canções, em um equilíbrio perfeito entre música e memória.

“Eu aprendi olhando a mão de Gil tocar”, recordou Caetano, emocionado ao falar da amizade que atravessa décadas.

Ivete Sangalo, que também participou do especial, reforçou a admiração pelos dois artistas, chamando-os carinhosamente de “os meninos”. A cantora interpretou “Trem das cores”, canção que a transporta de volta à infância, às viagens com a família entre Juazeiro e Salvador.

O programa ainda contou com um momento emocionante entre Gil e Caetano, quando interpretaram “Divino Maravilhoso”, composta originalmente para Gal Costa. Em seguida, Gil apresentou um dos pontos altos da noite: a canção “Cajuína”, que fala sobre o luto e a amizade, e foi composta por Caetano em homenagem ao poeta Torquato Neto.

Homenagens e novidades no palco do Altas Horas

Durante o especial, Caetano Veloso recebeu uma surpresa de Serginho Groisman: a criação da “Plateia Caetano Veloso”, que marcará uma nova fase do programa, com homenagens a artistas que contribuíram para a história da música brasileira. Ivete Sangalo, Ney Matogrosso e Gilberto Gil também ganharam plateias para chamar de suas.

Outro destaque foi a participação dos filhos de Caetano — Tom, Zeca e Moreno Veloso — que interpretaram juntos “Força Estranha”. A apresentação reforçou a ideia de “família harmônica”, como o próprio Caetano definiu, unindo gerações em torno da música e da arte. O final da canção, seco e silencioso, deixou no ar o desejo do público por mais um encontro da família Veloso no palco.

O programa ainda abordou temas contemporâneos, como a fé e a religiosidade, quando Caetano e o cantor Kleber Lucas interpretaram “Deus cuida de mim”, refletindo sobre o crescimento do número de evangélicos no Brasil. Ney Matogrosso também brilhou com “Two Naira Fifty Kobo”, única canção que apresentou na noite.

O Coral Ginga & Voz emocionou o público ao cantar “Terra”, música que Caetano compôs quando estava preso e viu pela primeira vez a fotografia do planeta feita por William Anders, durante a missão Apollo 8. O grupo trouxe uma nova dimensão à obra, reforçando o poder espiritual e poético da canção.

Altas Horas: um quarto de século de música e cultura

Criado em 2000, o Altas Horas consolidou-se como um dos programas mais longevos da TV Globo e um dos poucos da televisão aberta a valorizar apresentações ao vivo de artistas de diferentes estilos. Ao longo de 25 anos, o programa se tornou um espaço de encontro entre gerações, linguagens e sonoridades — do samba ao pop, do rap ao forró.

A edição especial de aniversário foi um retrato fiel desse espírito plural. Reuniu artistas consagrados e novas vozes, conectando passado, presente e futuro da música brasileira. Mais do que celebrar uma data, o Altas Horas reafirmou seu papel como palco da cultura nacional e da afetividade que une artistas e público há um quarto de século.