Vendedora sofre intolerância religiosa no metrô de Salvador

Uma vendedora foi alvo de intolerância religiosa enquanto aguardava transporte no metrô de Salvador, na Estação da Lapa. O incidente, ocorrido na tarde de sábado (23), envolveu uma idosa de 75 anos que fez comentários racistas e ofensivos à religião da vítima.

Marneide Sousa, a vendedora, relatou que usava sua conta, um objeto de importância religiosa, quando a idosa começou a proferir ataques verbais. “Eu estava indo trabalhar com a minha conta, que é um símbolo pra mim, como a bíblia é pra ela”, afirmou em entrevista ao Bahia Meio Dia.

A vítima detalhou que a agressora negava a existência do Dia da Consciência Negra e fez comentários ofensivos sobre sua religião. “Ela começou a me insultar (…), dizia que essas coisas desses povos aí, dessas culturas… tinham que ser evangelizadas. Que eu tinha que me evangelizar pra tirar o diabo de dentro do meu corpo, que ela ia tirar o Exu de dentro de mim”, contou Marneide ao Jornal da Manhã.

Agressões continuaram no trem

Apesar de solicitar ajuda dos agentes do metrô, Marneide relata que a mulher continuou inflamando a situação. Quando ambas embarcaram no trem, os insultos prosseguiram. “Ela gritava, tirou a bíblia da bolsa e começou a vir em direção a mim”, lembrou.

A cena foi registrada por um passageiro desconhecido na Estação Bonocô. Segundo a vítima, isso a deixou ainda mais exposta. “Eu sofri uma violência tamanha porque eu fui exposta. Passei por momentos que eu poderia ter sido linchada porque começaram a me rodear”.

Repercussões e medidas legais

Marneide também destacou a falta de apoio de outros passageiros, mencionando que apenas o homem que gravou o incidente e os seguranças da CCR Metrô Bahia ofereceram auxílio. “Eu me senti de uma maneira acuada porque todo mundo me olhava. Ninguém me ajudava”, desabafou.

As duas mulheres foram conduzidas à delegacia após o incidente. A idosa foi autuada em flagrante por injúria racial, com a intolerância religiosa sendo enquadrada como racismo.

A agressora permaneceu detida por dois dias, sendo liberada após audiência de custódia na segunda-feira (25). A justiça determinou que ela responderá ao processo em liberdade provisória, sob condições como manter o endereço atualizado e não se ausentar do distrito sem autorização judicial.

A CCR Metrô Bahia se posicionou contra o ocorrido, repudiando qualquer tipo de intolerância e informando que a Polícia Militar foi acionada imediatamente após a denúncia.