A Universidade de São Paulo (USP) ficou fora da lista das 100 melhores universidades do mundo no QS World University Rankings 2026, divulgado nesta quinta-feira (19). Após dois anos consecutivos figurando no seleto grupo das instituições mais bem avaliadas globalmente, a principal universidade pública do Brasil caiu para a 108ª posição. A liderança do ranking mundial segue inalterada pelo 14º ano consecutivo, com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, ocupando o primeiro lugar.

Queda no desempenho e impacto regional

Com a nova colocação, a USP perde também a posição de melhor universidade da América Latina. O posto foi assumido pela Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina, que superou a instituição paulista após a retração no desempenho global.

A piora da USP no ranking interrompe uma sequência de ascensão iniciada em 2022. Naquele ano, a universidade aparecia no 121º lugar. Em 2023, subiu para 115º. Depois, atingiu a 85ª colocação em 2024 e o 92º lugar em 2025. Agora, para 2026, a queda para o 108º lugar volta a acender o alerta sobre os desafios da educação superior pública no Brasil.

Brasil tem 24 instituições listadas

Apesar do recuo da USP, o Brasil ainda conseguiu emplacar 24 universidades no ranking mundial, com três delas entre as dez melhores da América Latina. Após a USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi a brasileira mais bem colocada, em 233º lugar no ranking global e oitava colocada entre as latino-americanas. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aparece na sequência, em 317º lugar no geral e na décima colocação entre as da América Latina.

Outras instituições brasileiras também figuram na lista, mas com desempenho inferior ao das principais universidades públicas federais e estaduais. A presença nacional, embora significativa em número, ainda esbarra em questões de financiamento, internacionalização e produção científica, que influenciam diretamente os critérios da avaliação.

Metodologia do ranking QS

O QS World University Rankings é uma das mais tradicionais classificações universitárias do mundo e avalia mais de 1.500 instituições com base em indicadores como reputação acadêmica, empregabilidade dos graduados, proporção de professores por aluno, impacto da pesquisa científica, proporção de professores e alunos estrangeiros e sustentabilidade.

A metodologia passou por ajustes nos últimos anos, incorporando novos critérios como a reputação internacional e a capacidade das instituições de atrair talentos e investimentos do exterior.

Desafios para a educação superior brasileira

A saída da USP do top 100 sinaliza obstáculos estruturais enfrentados pelo sistema público de ensino superior no Brasil. A falta de financiamento consistente, os cortes orçamentários nas universidades federais e a ausência de políticas públicas de internacionalização têm dificultado a competitividade das instituições brasileiras em rankings internacionais.

Embora ainda seja reconhecida como a melhor universidade brasileira e uma das referências no cenário acadêmico latino-americano, a USP precisa redobrar esforços para recuperar posições nos próximos anos. Iniciativas que envolvam parcerias internacionais, atração de docentes estrangeiros, investimentos em pesquisa e modernização da infraestrutura acadêmica são apontadas por especialistas como caminhos possíveis.

A nova colocação também reforça a importância de políticas públicas voltadas para o fortalecimento da ciência e da tecnologia no Brasil, especialmente em um cenário global cada vez mais competitivo e tecnológico.