A primeira motofaixa de Salvador entrou em operação na segunda-feira (10) na Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô). Ainda em fase de testes, a iniciativa já gera expectativas para o prefeito Bruno Reis (União Brasil), que vê na medida uma estratégia para reduzir acidentes com motocicletas e não descarta expandir o projeto para outras vias da cidade.

Prefeito defende medida e cita redução de acidentes

Durante a apresentação de novos secretários municipais, Bruno Reis destacou que a motofaixa pode salvar vidas e evitar colisões fatais.

“Hoje, a maioria dos acidentes com vítimas fatais envolve motos. Precisávamos adotar uma medida para trazer mais segurança a quem trafega sobre duas rodas”, afirmou.

O prefeito ressaltou ainda que cidades como São Paulo e Recife já registraram queda nos índices de acidentes após a adoção da motofaixa. “Os números mostram que houve redução de acidentes onde esse modelo foi implementado. Estamos em fase de teste, mas a ideia é expandir para outras áreas da cidade, após a aprovação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran)”, ressaltou.

Como funciona a motofaixa?

A motofaixa da Bonocô foi implantada entre as faixas 1 e 2 (próximas ao canteiro central), em ambos os sentidos da via. A sinalização foi feita com linhas tracejadas azuis e brancas, aumentando a visibilidade e segurança para motociclistas, sem comprometer a fluidez do tráfego.

Mesmo com a novidade, a avenida mantém quatro faixas de circulação para os demais veículos. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações para reduzir acidentes, organizando o fluxo de motocicletas em uma das avenidas mais movimentadas da cidade.

Redução de velocidade e período educativo

Para viabilizar a implantação da motofaixa, a velocidade máxima na Bonocô foi reduzida para 60 km/h, conforme exigência da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Nos primeiros 30 dias, a fiscalização será educativa, permitindo que os condutores se adaptem à nova dinâmica. No entanto, mesmo com a faixa exclusiva, motociclistas devem respeitar as regras de trânsito e o limite de velocidade.

Salvador segue exemplo de outras capitais

Com a implantação da motofaixa, Salvador se torna a terceira capital do Brasil a adotar a medida, seguindo os exemplos de Recife (PE) e São Paulo (SP). Na capital paulista, a experiência com motofaixas já mostrou impacto positivo. Segundo um levantamento da prefeitura de São Paulo, até outubro de 2024, os acidentes caíram 22% nos trechos sinalizados, em comparação com o ano anterior.

A expectativa agora é que a motofaixa da Bonocô sirva de modelo para futuras expansões, promovendo mais segurança e organização no trânsito da capital baiana.

Aumento da frota e números de acidentes preocupam

O crescimento da frota de motocicletas em Salvador reforça a necessidade de medidas que aumentem a segurança viária. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), 2024 foi o ano com maior número de motos emplacadas na cidade, totalizando 16.851 novas unidades.

A frota de motocicletas cresceu quase 35% nos últimos cinco anos, passando de 160.661 motos em 2020 para 216.338 em 2025 – sem contar veículos de municípios vizinhos que circulam na capital.

Esse aumento reflete no número de acidentes. Segundo a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador):

• Foram registrados 3.063 acidentes com motos em 2024, resultando em 84 mortes – o equivalente a 59% dos óbitos no trânsito da cidade.
• Nos dois primeiros meses de 2025, já foram 464 acidentes com motos e 11 mortes, contra 467 ocorrências e 18 óbitos no mesmo período do ano passado.

Diante desses números, a Prefeitura aposta na motofaixa como uma alternativa eficaz para reduzir acidentes e garantir um trânsito mais seguro para motociclistas e demais condutores.