Avião da FAB com brasileiros deportados pelos EUA pousa em Confins
Esta foi segunda operação de deportação de brasileiros; prisões foram feitas ainda no governo de Joe Biden

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou, por volta das 21h20 desta última sexta-feira (7), no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, trazendo 88 brasileiros deportados pelos Estados Unidos. A aeronave partiu de Fortaleza na tarde do mesmo dia, após uma parada técnica para o desembarque de parte dos deportados e a retirada das algemas que foram utilizadas no trajeto entre os EUA e o Brasil.
Brasileiros relatam condições de deportação
Entre os deportados, estava Ridelson, que preferiu se identificar apenas pelo primeiro nome. Ele foi preso nos Estados Unidos no dia 13 de janeiro, antes mesmo de concluir sua entrada no país. Em entrevista ao Estadão, ele expressou sua indignação com as condições do voo de deportação, especialmente pelo fato de ter sido transportado com mãos e pés algemados.
“As pessoas não têm amor, não têm respeito ao ser humano. A coisa que me deixou muito indignado é a questão de estar ali, amarrado, algemado, os pés, as mãos… Isso é muito forte. É muito forte, porque não somos bandidos. Cometemos um certo crime, entramos lá ilegalmente, sim, mas não acho que havia motivo para isso”, desabafou.
Natural de São João Evangelista (MG), ele também comentou sobre as condições do voo e a alimentação fornecida durante a viagem. “Pretendo passar um bom tempo sem comer pão com mortadela. Já estou com nojo”, disse, ao lembrar das refeições servidas a bordo.
No entanto, ao chegar ao Brasil, elogiou o atendimento que recebeu em Fortaleza. “Minha casa, né? Eu me senti em casa. Fui muito bem recebido”, completou.
Ação coordenada para receber deportados
Esta foi a segunda operação de deportação de brasileiros realizada durante o governo de Joe Biden. O voo partiu do estado da Luisiana e pousou inicialmente em Fortaleza por volta das 16h, onde uma parte dos 111 deportados desembarcou. Os demais foram transferidos para Belo Horizonte, destino final da aeronave da FAB. No total, 23 brasileiros permaneceram no Ceará.
Diferente de operações anteriores, que tradicionalmente tinham Confins como destino final, a parada em Fortaleza foi planejada para reduzir o tempo que os deportados passariam algemados. Nos últimos meses, relatos de privação de direitos durante os voos motivaram reuniões entre o governo brasileiro e a Embaixada dos EUA.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, esteve no Aeroporto de Confins para acompanhar a chegada dos deportados. Segundo ela, mulheres e crianças não foram algemadas no trajeto entre os EUA e Fortaleza, o que indica uma mudança no tratamento.
“O ponto positivo que podemos destacar é que as instituições brasileiras estão se organizando melhor para esse procedimento de acolhida. Antes, não havia essa estrutura. Agora, desde que tomamos ciência da situação, estamos promovendo uma grande mobilização para que possamos oferecer esse posto de acolhimento”, afirmou a ministra.
Em Belo Horizonte e Fortaleza, os repatriados foram recebidos por uma equipe do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e outros órgãos governamentais, como Itamaraty e Ministério da Saúde. Foram prestados atendimentos relacionados à regularização migratória, alimentação e orientações sobre serviços essenciais, como matrícula em escolas e vacinação.
Mais de 12 horas sem comer
Os brasileiros deportados dos Estados Unidos que chegaram na tarde de sexta-feira (7) ao Aeroporto de Fortaleza foram transportados algemados e não tiveram acesso a alimentação, conforme informou Mitchelle Benevides Meira, secretária da Diversidade do Ceará.
A secretária de direitos humanos do Ceará, Socorro França, informou que os passageiros viajaram com algemas nas mãos e nos pés, e que elas foram retiradas no momento em que o avião pousou Brasil.
Mudanças nas políticas de deportação dos EUA
Apesar das deportações recentes, o governo brasileiro esclareceu que os voos não fazem parte de uma operação massiva ordenada por Trump contra imigrantes ilegais, mas sim de um acordo firmado em 2017 e ainda vigente.
Desde que assumiu a presidência, Trump intensificou a repressão contra imigrantes ilegais, prometendo “a maior operação de deportação em massa da história”. Entre suas medidas, estão o envio de soldados à fronteira com o México e prisões em larga escala de imigrantes irregulares.
João Vitor Batistal, de 26 anos, natural de Governador Valadares (MG), relatou mudanças drásticas no tratamento de imigrantes detidos logo após a posse de Trump. Ele afirmou que, desde 21 de janeiro, os deportados passaram a ser transferidos constantemente entre unidades de detenção, sem direitos básicos.
“A gente já não ficava dois dias num lugar só. Já ia para outro e outro, e já não tinha mais os direitos que a gente tinha antes”, disse. Segundo ele, as condições pioraram significativamente, dificultando o contato com familiares. “Para ter acesso a ligações ou ao uso de tablets, era necessário um período de cadastro, mas a gente ficava muito pouco tempo e não conseguia fazer isso”, explicou.
Com o crescente número de deportações, o Brasil tem buscado ampliar o suporte oferecido aos repatriados, garantindo atendimento humanitário adequado e suporte para sua reintegração ao país.
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