O desmatamento caiu em todos os biomas brasileiros em 2024, marcando uma queda histórica de 32,4% na área total devastada em relação ao ano anterior. Os dados, divulgados na manhã desta quinta-feira (15) pela rede MapBiomas, fazem parte da nova edição do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD). Este é o segundo ano consecutivo de retração, consolidando uma tendência iniciada em 2023, quando a redução foi de 11% em comparação com 2022.

Apesar da redução nos números, o desmatamento ainda avança em ritmo preocupante em alguns ecossistemas. O Cerrado, por exemplo, foi o mais atingido em 2024, com a perda de 652.197 hectares de vegetação nativa — número que corresponde a mais de 45% de toda a área desmatada no país durante o ano. O bioma superou a Amazônia Legal, que registrou o segundo maior índice de devastação: 377.708 hectares. As informações são do G1.

Cerrado perde espaço

A região conhecida como Matopiba, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 75% do desmatamento registrado no Cerrado em 2024. Esses quatro estados, somados ao Pará, responderam por 65% de toda a área desmatada no Brasil ao longo do ano.

O Maranhão, mesmo com uma redução de 34,3% em relação a 2023, liderou o ranking nacional, com 218.298 hectares devastados. O número é superior ao registrado em estados amazônicos, como o próprio Acre, que teve um aumento expressivo de 30% no desmatamento, apesar de ser o menor estado da Amazônia Legal.

A Caatinga também recebeu destaque negativo, pois um único imóvel rural, no Piauí, foi responsável pela supressão de 13.628 hectares em apenas três meses — o maior alerta de desmatamento já emitido pelo MapBiomas desde o início do monitoramento, em 2019.

Amazônia Legal

Na Amazônia Legal, o desmatamento caiu 54% entre 2022 e 2024. No entanto, a degradação florestal — provocada principalmente por queimadas e eventos extremos de seca — aumentou 163% no mesmo período, conforme aponta um estudo publicado na revista Global Change Biology. A análise foi realizada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade de São Paulo (USP).

Somente em 2024, cerca de 25 mil km² de floresta foram degradados, uma área superior ao território do estado de Sergipe. O aumento da degradação ameaça comprometer os resultados positivos obtidos com a redução do desmatamento e acende um alerta sobre a real eficácia das políticas ambientais em curso.

Desmatamento zero até 2030 é meta desafiadora

A promessa de alcançar o desmatamento zero na Amazônia até 2030 foi uma das bandeiras da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora os números recentes indiquem avanços, a meta ainda está distante de ser atingida.

Entre 2019 e 2024, o Brasil perdeu 9.880.551 hectares de vegetação nativa — área equivalente à da Coreia do Sul. Desse total, 67% foram devastados na região amazônica, com destaque para o estado do Pará, que sozinho respondeu por aproximadamente 2 milhões de hectares desmatados no período. O estado, inclusive, será sede da COP30, conferência climática da ONU marcada para novembro deste ano em Belém.

Outros biomas e causas do desmatamento

Nos demais biomas brasileiros, o impacto do desmatamento foi relativamente menor em 2024. O Pantanal perdeu 23.295 hectares (1,9% do total nacional), a Mata Atlântica, 13.472 hectares (1,1%), e o Pampa, apenas 896 hectares (0,1%).

Segundo o MapBiomas, mais de 97% de toda a devastação registrada nos últimos seis anos foi causada por atividades agropecuárias. A influência de outras atividades varia conforme o bioma. Na Amazônia, por exemplo, 99% das áreas desmatadas por garimpo ilegal estão concentradas na região.