Francisca Maria da Silva, de 33 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (7), no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, litoral do Piauí. A morte ocorreu às 3h07, após seis dias de internação. Ela é a quarta vítima de um caso de envenenamento que atingiu sua família.

A primeira morte registrada foi de Maria Lauane Fontenele da Silva, de 3 anos, que faleceu na madrugada de segunda-feira (6). Além dela, Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, e uma criança de 1 ano e 8 meses também morreram após ingerirem um alimento contaminado no dia 1º de janeiro.

O alimento consumido pela família foi identificado como baião de dois, servido durante o Réveillon e no primeiro dia do ano. A refeição foi compartilhada por nove pessoas da mesma família, causando a intoxicação.

Outras vítimas seguem internadas

Duas crianças, de 3 e 4 anos, foram transferidas de Parnaíba para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) no fim de semana. Maria Gabriela Fontenele da Silva, de 4 anos, continua internada em Teresina, onde recebe tratamento médico.

Corpo encaminhado ao IML

O corpo de Francisca Maria foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para realização dos procedimentos necessários.

“Neste momento de imensa dor, expressamos nossas sinceras condolências à família da paciente e reafirmamos que a equipe multidisciplinar do HEDA trabalhou com total dedicação, seguindo todos os protocolos e medidas necessárias para garantir o melhor atendimento durante sua permanência na unidade”, afirmou o hospital em nota oficial.

Exames confirmam presença de agrotóxico

A Polícia Civil do Piauí anunciou que exames realizados pelo Instituto de Criminalística do Departamento de Polícia Científica identificaram a presença do inseticida agrotóxico terbufós em alimentos consumidos pela família em Parnaíba. O veneno foi encontrado no arroz, feijão e farinha ingeridos pelas vítimas. Não foram detectados vestígios da substância no peixe consumido pela família.

O laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) confirmou que o veneno foi responsável pelas mortes dos membros da família após o almoço do dia 1º de janeiro. As vítimas fatais foram Miguel dos Santos, de 18 anos, Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane, de 3 anos, além de Francisca Maria. Quatro outros membros da família receberam alta hospitalar.

Hipótese inicial descartada

A princípio, a suspeita era de que o peixe doado à família tivesse causado a intoxicação, mas essa hipótese foi descartada após os exames. O veneno foi identificado apenas no baião de dois, prato típico consumido na ceia de Réveillon.

Investigação em andamento

A tragédia é mais complexa, pois envolve o mesmo núcleo familiar que já havia sofrido com o envenenamento de dois outros filhos em 2024. Os meninos, Ulisses, de 8 anos, e João Miguel, de 7, ingeriram cajus envenenados com chumbinho, fornecidos por uma vizinha, que permanece presa. A investigação do caso está sendo conduzida pelo delegado Abimael Silva.

Em depoimentos, um sobrevivente afirmou que não houve entrada de pessoas externas na residência durante a preparação do almoço. Os alimentos consumidos pela família, incluindo peixes da espécie manjuba doados à família, estão sendo analisados. A Polícia Civil já descartou que o casal responsável pela doação seja suspeito, conforme informou o delegado Célio Benício.

Linha de investigação

A polícia confirmou que o arroz consumido pela família foi preparado na própria casa e que, inicialmente, a suspeita recaiu sobre o peixe da doação, que está sendo analisado. A investigação também levanta a hipótese de que o peixe tenha sido contaminado em um aquífero local. Além disso, a possibilidade de ligação com o caso de envenenamento de 2024 ainda é analisada.

O caso segue sob investigação, aguardando os resultados dos exames periciais para esclarecer as causas do envenenamento coletivo e determinar se há alguma conexão com o caso anterior.