Os professores da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) decidiram pela continuidade da greve em todos os campus, tanto na capital quanto no interior, após nova assembleia realizada na segunda-feira (30) no campus de Salvador. A paralisação, que teve início na última sexta-feira (27), foi deliberada por ampla maioria, com a participação de 215 docentes presencialmente. A greve foi deflagrada na semana anterior, após assembleia ocorrida no dia 23.
A categoria demonstrou insatisfação com a proposta apresentada pelo governo estadual, que previa um reajuste acumulado de 13,83% para os próximos dois anos. O aumento, que incluía parcelas de 6,79% em 2025 e 6,59% em 2026, foi considerado insuficiente pelos professores, uma vez que o reajuste representaria uma recomposição salarial de apenas 4,94%, diante de uma defasagem de 35% acumulada desde 2015, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Avanços nas negociações
Mesmo com o impasse, os professores consideraram um avanço nas negociações a antecipação da reunião com o governo, que estava marcada para o dia 15 de outubro e agora acontecerá nesta quarta-feira (2). A greve, no entanto, continua, e a categoria mantém suas demandas por melhorias, especialmente em relação ao reajuste salarial e outros pontos importantes.
Durante a assembleia desta segunda-feira, vários docentes manifestaram o descontentamento não apenas com o reajuste oferecido, mas também com a falta de progresso em questões como promoções, adicional de insalubridade e a multicampia. Sem a implementação dessas demandas, as possíveis melhorias salariais perdem relevância para a categoria, que enfrenta dificuldades financeiras, principalmente para docentes que atuam no interior do estado, onde precisam arcar com o transporte intermunicipal para trabalhar.
Pauta de reivindicações
Na pauta de negociações com o governo, a categoria busca a recomposição salarial de 16,07%, parcelada em quatro etapas entre 2025 e 2026. Além disso, a demanda pela promoção dos docentes em espera deve ser resolvida com a apresentação de um projeto de lei (PL) em dezembro, conforme acordado com o governo, para efetivar as promoções até fevereiro de 2025.
Outro ponto de destaque é o adicional de insalubridade, que segue sem solução devido a uma nova legislação barrada pela Secretaria da Administração do Estado da Bahia (SAEB). Os professores esperam que o governo apresente um novo PL que contemple as especificidades da carreira docente no ensino superior público.
Por fim, a questão do transporte e itinerância docente, que afetam os professores que lecionam em campi do interior, ainda está em negociação. A categoria solicita a criação de uma norma regulatória que contemple essas necessidades.
Aceitação parcial
Apesar da greve continuar na UNEB, as outras três universidades estaduais (Uefs, Uesb e Uesc) aceitaram o acordo proposto pelo Governo do Estado e encerraram suas paralisações. Esse acordo, que inclui um reajuste salarial inferior ao solicitado pelos docentes, foi considerado como um avanço por essas instituições, mas na UNEB, o movimento grevista permanece forte, com apoio dos docentes em todo o estado.
Aporte financeiro
O Governo da Bahia projeta destinar um total de R$ 2,3 bilhões em 2024 para as Universidades Estaduais (Uneb, Uefs, Uesc e Uesb). Esse montante atenderá tanto a folha de pessoal quanto a investimentos em infraestrutura. Em comparação com o ano anterior, o aumento de 35% no repasse demonstra o compromisso em valorizar as instituições e seus docentes.
Em termos de remuneração, os professores das universidades estaduais receberam reajustes entre 6,63% e 9,32% em 2023. Já em 2024, o índice de aumento atingiu 6,97%, combinando o reajuste linear de 4% para todos os servidores públicos e mais 2,82% específicos para a categoria docente.
Nos últimos dois anos, o governo concedeu 1.127 avanços nas carreiras docentes, com 830 promoções e 297 progressões. Promoções garantiram ganhos salariais entre 7,83% e 9,69%, e progressões resultaram em aumentos de 7,60%. Além disso, a dedicação exclusiva concedida a 407 professores em 2024 aumentou suas remunerações em 50%.
Próximos passos e mobilizações
Além de manter a paralisação, os professores da UNEB aprovaram uma agenda de mobilizações que inclui reuniões entre o Comando de Greve e as representações departamentais, além de atividades de panfletagem e aulas públicas em Salvador e nos campi do interior. Após a reunião com o governo, o Comando de Greve divulgará um edital de convocação para uma nova assembleia.
Com a continuidade da greve, a expectativa da categoria é que o governo apresente novas propostas que atendam às suas reivindicações e tragam avanços concretos nas negociações.
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