Professores avaliam 2º dia do Enem e pedem anulação de questão de física

Após avaliarem as 90 questões divididas entre matemática e ciências da natureza no segundo e último dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado neste último domingo (10), alguns professores defenderam a anulação de uma questão de física. Segundo os educadores ouvidos pelo Estadão, a pergunta que trata sobre o conteúdo de calorimetria apresenta inconsistências e não possui alternativa correta.

“A equipe de Física do Curso Anglo identificou que na questão 124 da prova da cor verde do Enem, existe uma falha que é conceitual. Então, quando você calcula a potência da cafeteira com os dados do enunciado, a gente encontra um valor de 933 watts. Esse valor é acima da potência total fornecida pelo enunciado da cafeteira de 700 watts. Em suma, a questão propõe uma máquina cuja potência total é de 700 watts e quando a gente calcula a potência útil de 933 watts é maior do que a potência total, o que fisicamente é impossível”, revelou Madson Molina, professor de física.  

No entanto, ao analisar as demais questões de ciências da natureza, os professores destacaram que não consideraram uma prova difícil. “Uma prova sem assuntos polêmicos, mas que trabalhou com temas muito atuais, como sistemas agroflorestais, biorremediação com uso de plantas, que é a chamada fitorremediação (técnica de descontaminação do solo e da água por meio do uso de plantas), e também poluição por microplásticos”, disse Fernando Roma, professor de biologia.  

Entre os assuntos abordados estavam a produção de vacinas contra a Covid-19 a partir da proteína spike, que é uma estrutura existente no SARS-CoV-2, principal responsável por fazer a ligação do vírus com a célula. “A questão falava sobre a produção da vacina e qual o efeito do uso da proteína spike. A resposta explicava que ela é uma proteína específica do vírus e, por isso, estimula a produção de anticorpos contra o vírus”, destacou outro professor da área de ciências.  

Segundo os tutores, houve uma predominância de questões voltadas para a área de biologia, sendo ao todo 18 questões, além de perguntas interdisciplinares que envolviam a matéria com perguntas da área de química. Já sobre a prova de matemática, a professora Joyce de Sousa disse que as questões ‘não estavam conteudistas’ e apresentaram problemas matemáticos bem conhecidos pelos estudantes, declarando ainda que o grau de dificuldade foi baixo.

“A prova de Matemática estava em um nível bem semelhante ao do ano passado. Era uma prova mais fácil, posso apostar que muitos alunos vão tirar nota máxima. Algumas questões estavam desafiadoras, mas o tempo para resolvê-las era compensado por questões muito fáceis”, declarou.  

Demais professores da área de matemática destacaram ainda que a avaliação trouxe temas que já tinham sido abordados em anos anteriores, como é o caso da ‘Cifra de César’, um código utilizado por Júlio Cesar para se comunicar com generais, que já havia sido abordado no ano passado.