Professora de Cipó acerta tema da redação do Enem e é homenageada por alunos

A professora Maria Ivone das Neves, da rede estadual de Cipó, foi aplaudida e homenageada por seus alunos depois de acertar o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicada no último domingo (3). A educadora solicitou uma redação sobre “Desafios para valorização da herança africana no Brasil”, dois dias antes da prova. O acerto também foi comemorado pela Secretaria Estadual de Educação, que postou o vídeo em sua conta oficial no Instagram.

“Nós que somos professores de português ficamos sempre ansiosos pelo tema da redação do Enem. Quando terminaram a prova, meus alunos me enviaram diversas mensagens dizendo que lembraram das aulas e que conseguiram produzir redações excelentes”, compartilhou Neury ao G1, que tem 23 anos de experiência na docência.

Ao se depararem com o tema da redação, os alunos do Colégio Estadual de Tempo Integral Águas Termais de Cipó, se sentiram aliviados ao perceber a conexão com as aulas da professora. O exame exigia um texto dissertativo-argumentativo, pedindo que os candidatos sugerissem propostas sobre a valorização da herança africana, tema trabalhado em sala de aula.

De acordo com a professora, o tema da valorização da cultura africana foi uma constante ao longo do ano letivo. Ela abordou a temática por meio de debates, exibição de filmes, músicas, leitura de livros e, naturalmente, redações.

Ivone diz ter pensado na maioria dos seus alunos, que é composta por jovens negros ou pardos, e acreditou que o Enem abordaria este tema. As aulas foram planejadas em dezembro de 2023 e começaram a ser aplicadas em fevereiro deste ano. Para a educadora, explorar assuntos como antirracismo, letramento racial e culturas africana e indígena é fundamental.

“Eu sabia que, com este governo, as pautas seriam voltadas para as minorias, e que seria algo relacionado à valorização desses povos [africano e indígena]”, comentou ao G1.

No processo de ensino, a professora percebeu que muitos alunos não conheciam a própria origem étnica. Dessa forma, além das técnicas de redação, incentivou o letramento racial. Para ela, essa foi a parte mais relevante do trabalho.

“Eu sei que eles vão ser antirracistas onde estiverem”, afirmou a professora.

Embora as notas dos alunos sejam divulgadas somente no próximo ano, Neury mantém a confiança no bom desempenho de seus estudantes. Para ela, prever o tema e preparar os alunos para a redação do Enem numa escola pública estadual significa muito mais do que uma boa nota.

“A perspectiva de emancipação é o que me motiva a estar na escola todos os dias. Essa redação pode ser o primeiro passo dos meus alunos em direção a uma universidade pública”, concluiu com entusiasmo.

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