Produtores devem vacinar rebanho contra raiva diante de crescente transmissão por morcegos, alerta Adab

A Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) alertou, nesta sexta-feira (7), os produtores para a necessidade de vacinar anualmente o rebanho contra a raiva, diante do aumento de casos da doença em animais de produção no estado. O órgão intensificou ações de prevenção e controle, especialmente em áreas de maior incidência, atuando de forma integrada com a saúde pública.

O diretor-geral da Adab, Paulo Sérgio Luz, destacou que a doença tem causado prejuízos no campo e exige atenção.

“Do ponto de vista da sanidade animal, avançamos muito com a conquista do status de Zona Livre da Febre Aftosa sem Vacinação no estado. No entanto, ainda temos a obrigatoriedade da imunização contra a Brucelose e, no caso da Raiva, há uma atenção ainda maior em função do grau de letalidade nos animais de produção. Nesse caso, a Adab recomenda que seja feita a vacinação anual contra essa patologia”, afirmou.

Capacitação de profissionais de saúde

Na última semana, cerca de 500 profissionais, entre veterinários, médicos, enfermeiros e agentes de saúde e endemias, participaram de uma capacitação sobre controle e prevenção da raiva animal em Guanambi e Caetité. A ação foi realizada em parceria com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep/Sesab) e secretarias municipais de saúde, contando com o apoio da Adab.

O coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH) na Adab, Paulo Ferraz, enfatizou a importância da notificação imediata à agência em casos de contato com animais infectados.

“A partir dessas notificações, delimitaremos uma área de atuação mais precisa para monitoramento dos abrigos de morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue), principal vetor de transmissão da doença no animal, e posterior captura destes”, explicou.

Controle e redução da doença

A Adab orienta que produtores utilizem pasta anticoagulante vampiricida em mordeduras de animais, aplicando-a por três dias consecutivos.

“Isso porque os morcegos voltam para se alimentar, no mesmo animal e lesão, e se contaminam com a pasta. Ao retornar ao seu habitat, morrem e contaminam outros. Com esse controle direto, estima-se que, para cada morcego que recebeu a medicação tópica, outros 20 também morram, reduzindo o número de casos”, afirmou Ferraz.

Em Guanambi e região, técnicos da Adab monitoraram oito abrigos de morcegos hematófagos. Em um deles, nove animais foram capturados, e outros oito receberam tratamento com a pasta anticoagulante.

Ferraz ressaltou que a raiva exige uma abordagem integrada, envolvendo saúde humana, animal e ambiental.

“Os profissionais precisam se conscientizar de que a raiva é Saúde Única, cuja abordagem precisa ser integrada e a conexão entre a saúde humana, animal e ambiental reconhecida”, alertou ele, que reforçou a importância da vacinação anual do rebanho.

“Atualmente, a vacinação apenas se torna obrigatória em casos positivos, na propriedade e área circunvizinha, num raio de 10 quilômetros, mas não podemos negligenciá-la, em função da alta propagação e letalidade”, afirmou.

Características e impacto

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda que afeta mamíferos, incluindo seres humanos. Caracteriza-se como uma encefalite progressiva e tem letalidade próxima de 100%. Apesar da gravidade, a doença pode ser controlada por meio de vacinação e bloqueios de foco.

Entre os animais de produção suscetíveis à infecção estão bovinos, bubalinos, equídeos, ovinos, caprinos e suínos. A orientação dos especialistas é de que os produtores adotem medidas preventivas e notifiquem imediatamente qualquer caso suspeito às autoridades sanitárias.