Presidente do Sinjorba denuncia ataques à imprensa e defende: ‘sem diploma, o jornalismo perde sua essência’
Para Moacy Neves, no entanto, categoria tem o que comemorar graças aos avanços dos últimos anos

O presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), Moacy Neves, afirmou, na manhã desta quinta-feira (24), em entrevista à Rádio Mix Salvador (104.3 FM) – durante o programa De Olho na Bahia, sob o comando dos jornalistas Osvaldo Lyra e Matheus Morais -, que a desregulamentação do setor e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que extinguiu a exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista contribuíram para a precarização do jornalismo no Brasil.
“Quando todos se dizem jornalistas, o jornalismo deixa de existir em sua essência”, lamenta presidente do Sinjorba.
Cenário de resistência
Ao ser questionado sobre os 80 anos de atuação do Sinjorba, Moacy Neves reconheceu que a categoria enfrenta dificuldades, mas defendeu que há motivos para comemorar. “Nós temos, sim, o que comemorar. Nós temos sido uma categoria que avançamos nos últimos anos, mesmo sofrendo diversos ataques”, destacou.
Entre os principais ataques, o presidente do Sinjorba citou a queda da Lei de Imprensa e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, que derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Segundo ele, essas medidas contribuíram para a desregulamentação do setor e a perda de qualidade na produção jornalística.
“O Brasil é um dos poucos países da OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico] que não tem uma legislação que trate da sua imprensa, da sua mídia. É um setor totalmente desregulamentado. Muitas pessoas tentam confundir a opinião pública dizendo que ter uma lei de imprensa é censura. Não. É apenas regulamentar o setor”, explicou.
Queda do diploma e precarização da profissão
Para Moacy Neves, a decisão do STF de acabar com a exigência do diploma foi um marco negativo para o jornalismo brasileiro. Ele relembra que a ação foi promovida pelo Sindicato das Empresas de Rádio e TV de São Paulo, o que, segundo o dirigente, revela interesses corporativos contrários à valorização dos profissionais.
“Hoje a gente está assistindo a qualquer um se identificando como jornalista. E quando isso acontece, quando todos se dizem jornalistas, o jornalismo deixa de existir em sua essência como instrumento de defesa da sociedade, como instrumento de fortalecimento da nossa democracia”.
No entanto, o dirigente sindical observa uma contradição: embora tenham defendido a queda do diploma, os grandes veículos de comunicação seguem contratando profissionais formados.
“Cerca de 98,5% dos jornalistas que estão nos chamados médios e grandes veículos de comunicação do país são jornalistas com diploma. Então os veículos querem profissionais capacitados.”
Importância da formação acadêmica
Durante a entrevista, Moacy fez uma defesa enfática da formação universitária para o exercício da profissão de jornalista. Ele citou sua experiência pessoal como exemplo do valor que os cursos superiores têm na construção do conhecimento e da prática jornalística.
“A universidade é mais do que qualquer outra instituição quem tem condições de entregar esse profissional ao mercado. Não existe possibilidade de você adquirir fora da universidade a formação e o acúmulo de experiências que ela tem”, afirmou.
Ele ainda compartilhou uma lembrança afetiva das aulas com o professor Fernando Rocha, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Me ensinando a fazer editorial, me ensinando como começava, como agia, como reagia e como concluía. Me lembro como se fosse hoje. Onde eu vou adquirir essa experiência estudando através da Internet?”.
Transformações na comunicação
Outro ponto debatido foi a transformação digital no jornalismo. Para Moacy, a chegada das redes sociais e das plataformas online mudou a forma de consumir e produzir informação, mas não substituiu os fundamentos da profissão.
“O mercado diferencia, sim, quem é blogueiro, quem atua com rede social e se diz jornalista, daquele que realmente atua com a credibilidade, a confiança de apurar a notícia, de respeitar a fonte”, declarou.
Ele ressaltou que o jornalismo segue sendo uma atividade fundamental para a democracia e que a formação ética e técnica é indispensável para garantir a qualidade da informação.
Futuro do jornalismo e papel da juventude
Apesar dos desafios, Moacy Neves acredita que a profissão de jornalista ainda desperta interesse e vocação. Segundo ele, o número de estudantes matriculados em cursos de jornalismo na Bahia comprova isso.
“Na Bahia, existem hoje 2 mil jovens matriculados nas escolas de jornalismo. Isso é um reflexo de que esta profissão continua sendo valorizada por nossa sociedade. Com todos os nossos problemas, a juventude ainda corre às universidades para buscar a formação necessária para sua prática”, concluiu.
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