A Prefeitura de Salvador inaugurou, nesta quinta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, o Jardim Etnobotânico, uma área integrada ao Jardim Botânico de Salvador, no bairro de São Marcos. O espaço tem cerca de 800 metros de extensão e foi entregue pelo prefeito Bruno Reis. O equipamento vai abrigar espécies vegetais relacionadas a divindades das religiões de matriz africana.

O percurso ecológico conta com 14 espaços temáticos, nos quais são apresentadas informações botânicas e culturais sobre cada planta, unindo saberes científicos à ancestralidade afro-brasileira. A iniciativa foi desenvolvida pelas secretarias municipais da Sustentabilidade e Resiliência (Secis) e da Reparação (Semur).

Tradições religiosas e conhecimento ancestral

Entre as espécies cultivadas estão pimenta-malagueta, caruru (bredo), guiné, arruda, camará e guaimbê. De acordo com o prefeito Bruno Reis, o novo espaço valoriza a diversidade ambiental e cultural da capital baiana. Segundo o gestor municipal, o espaço representa a junção da preocupação com a questão ambiental às tradições culturais e religiosas.

“Já havíamos inaugurado este parque no passado. Aqui possui diversas espécies e conteúdo para quem quer estudar, para quem quer pesquisar. Mas também é um ponto turístico que proporciona o conhecimento de nossas tradições, sejam elas religiosas ou culturais, assim como também da história da nossa Mata Atlântica”, afirmou.

O Jardim Etnobotânico inclui espaços como o “Curso das Águas-Mães”, que homenageia divindades femininas como Osun, Ndandalunda, Togbosi, Iyemonja, Kayala e Azlí Kayá, associadas à fertilidade e à força da água. Outro ponto de destaque é a área chamada “Anciã do Saber Atemporal”, dedicada a Nanã, Nzumba e Nã Buku, com foco no saber tradicional.

A titular da Semur, Isaura Genoveva, destacou a relevância do espaço para a valorização da herança afro-brasileira. “É importante para Salvador e para as comunidades de matriz africana também terem este jardim, porque o povo de santo é considerado ambientalista. A gente acredita numa fé pautada na existência da natureza. Sem natureza, sem folha, não tem orixá. Acompanhamos de perto a produção e a identificação desses locais sagrados”, declarou.

Visitação aberta ao público e turismo cultural

O secretário da Secis, Ivan Euler, ressaltou que o espaço já está aberto à visitação pública e deve atrair não apenas estudiosos, mas também turistas interessados na cultura local. Segundo ele, a inuguração no Dia do Meio Ambiente foi simbólica.

“Durante toda a trilha, os visitantes poderão conhecer um pouco da religião, da nossa cultura aqui de Salvador, tanto com as informações dos orixás quanto também das espécies da botânica ligadas à matriz africana. É um local magnífico, com floresta quase que nativa”, disse.

Entre os visitantes do primeiro dia, esteve a yalorixá Agbá Do Ti Ossain, do Ilê Axé Ewê, localizado em Fazenda Grande I. Aos 75 anos, ela percorreu a trilha e celebrou a criação do novo espaço.

“Estou muito agradecida e emocionada de estar no meio de tantas folhas, de tantas ‘insabas’, num ambiente de tanta tranquilidade. Cada um dos orixás tem sua folha, e a cidade precisava ter realmente um espaço como esse”, pontuou.

O Jardim Botânico de Salvador funciona de terça a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados, das 8h às 14h, com entrada gratuita. Visitas guiadas podem ser realizadas nas terças, quartas e quintas-feiras, nos turnos matutino e vespertino.

Agendamento e contato

Para agendar uma visita guiada, os interessados devem entrar em contato pelos telefones (71) 3202-5667 ou 3202-5666, ou pelo e-mail: jardim.botanico@salvador.ba.gov.br.