População indígena no Brasil cresce 89% em 12 anos, aponta IBGE
Segunda maior concentração foi registrada no Nordeste

A população indígena no Brasil cresceu 89% entre 2010 e 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Censo Demográfico 2022, divulgado na quinta-feira (19), revelou que o país conta com 1,69 milhão de indígenas, representando 0,83% da população nacional. Eles estão distribuídos por 4.833 municípios.
O levantamento também identificou 8.568 localidades indígenas no território brasileiro. Destas, 71,55% estão situadas em terras indígenas reconhecidas, enquanto 28,45% encontram-se fora dessas áreas. A maior concentração de localidades está na região Norte, com 60,20% do total, onde vive 44,47% da população indígena.
A segunda maior concentração foi registrada no Nordeste, com 1.764 localidades (20,59%), seguido pelo Centro-Oeste (12,86%), Sul (3,59%) e Sudeste (2,75%). Apesar da concentração nas terras indígenas, há uma significativa mobilidade e diversidade espacial entre os povos indígenas.
Distribuição das localidades fora de terras indígenas
O percentual mais alto de localidades indígenas fora de terras reconhecidas foi observado na região Sul, com 47% das 308 localidades nesta situação. No Rio Grande do Sul, o índice alcançou 58,93%. No Nordeste, a proporção foi de 39%, com destaque para estados como Pernambuco, com 56,97%, e Bahia, com 68,32%.
O Amazonas apresentou o maior número absoluto de localidades indígenas fora de terras reconhecidas, com 1.078. Outros estados com números elevados foram Pará (187 localidades), Ceará (159) e Maranhão (138). Esses dados refletem a organização socioespacial dos povos indígenas e suas dinâmicas de mobilidade.
“Vale lembrar que a concentração de localidades não reproduz necessariamente a concentração da população, mas traduz as formas de organização socioespacial dos povos indígenas”, explicou Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE.
Urbanização da população indígena
Em 2022, 53,97% dos indígenas viviam em áreas urbanas, enquanto 46% residiam em áreas rurais. Essa distribuição contrasta com 2010, quando 36,22% estavam em áreas urbanas e 63,78% em áreas rurais. Os estados com maiores índices de urbanização foram Goiás (95,52%), Rio de Janeiro (94,59%) e Distrito Federal (91,84%).
Por outro lado, os estados com maior proporção de indígenas em áreas rurais foram Mato Grosso (82,66%), Maranhão (79,54%) e Tocantins (79,05%). No Amazonas, 95,16% dos municípios apresentaram redução da população indígena em áreas rurais, seguindo uma tendência observada também em Roraima e Acre.
Queda no analfabetismo indígena
A taxa de analfabetismo da população indígena caiu de 23,40% em 2010 para 15% em 2022. Em áreas rurais, a redução foi de 32,16% para 20,80%, enquanto em áreas urbanas, o índice recuou de 12,29% para 10,86%. Em terras indígenas, a taxa caiu de 32,30% para 20,80% no mesmo período.
Embora os avanços sejam significativos, o índice de analfabetismo entre indígenas ainda é superior à média nacional, que passou de 9,62% para 7% entre 2010 e 2022. Essa disparidade reforça a necessidade de iniciativas voltadas à educação indígena.
Segundo o IBGE, os dados refletem o impacto das políticas de educação em áreas indígenas e a necessidade de continuar investindo na ampliação do acesso ao ensino de qualidade, respeitando as especificidades culturais dos povos indígenas.
Condições de saneamento básico
Entre os indígenas em áreas urbanas e fora de terras reconhecidas, apenas 59,24% tinham acesso ao saneamento básico adequado em 2022. Esse índice é inferior à média nacional urbana, que alcançou 83,05%. Quanto ao abastecimento de água, 89,92% dos indígenas em áreas urbanas e fora de terras indígenas tinham acesso, enquanto a média nacional era de 97,28%.
“Povos tradicionais residindo em territórios remotos não poderiam apresentar os mesmos percentuais de acesso ao saneamento que a média da população do país. No entanto, o Censo 2022 mostra que, mesmo em áreas urbanas, a população indígena tem menor acesso aos serviços de saneamento que o conjunto da população do país”, destacou Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
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