A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (9), uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ação ocorre em São Paulo (45 mandados), Sergipe (12), Amazonas (um), Rio Grande do Norte (um), Santa Catarina (dois), Pernambuco (dois), Bahia (dois) e no Distrito Federal (um), totalizando 66 mandados de busca e apreensão.

Entre os alvos da operação estão entidades que teriam atuado no esquema de forma irregular, como associações e sindicatos responsáveis por efetuar descontos indevidos nos contracheques de aposentados, utilizando dados pessoais sem autorização.

Sindnapi e Amar Brasil estão na mira da PF

Um dos endereços visitados pelos agentes foi o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), em São Paulo, ligado a José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O diretor da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, também é alvo da operação e possui depoimento marcado na CPMI do INSS.

Outro foco da operação é a Amar Brasil, que recebeu cerca de R$ 300 milhões por meio dos descontos. O presidente da associação, Américo Monte, foi convocado para prestar esclarecimentos na comissão parlamentar. As investigações da PF buscam identificar provas sobre crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, organização criminosa, dilapidação e ocultação patrimonial dos suspeitos.

CPMI do INSS tem papel estratégico nas investigações

O presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), destacou a relação direta entre o trabalho da comissão e a nova fase da operação. Segundo ele, a atuação da comissão contribuiu para o cumprimento das prisões e para o avanço das investigações.

“Essa ação confirma: a CPMI do INSS não é espectadora, é protagonista na luta por justiça aos aposentados, viúvas e órfãos do Brasil. (…) A Justiça está avançando e quem debochou do Congresso agora sente o peso da lei”, disse o senador.

Viana relatou ter se reunido, na última quarta-feira (8), com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, relator do caso, reforçando a urgência em cumprir as prisões autorizadas. Para o senador, a CPMI não é apenas observadora, mas protagonista na luta por justiça para aposentados, viúvas e órfãos.

“Estive pessoalmente com o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, para reforçar a urgência no cumprimento das prisões já aprovadas. A mensagem foi clara: quem tem aviões, vistos e recursos para fugir do país não pode continuar rindo da Justiça”, disse Viana.

Histórico do esquema de fraudes

O esquema de descontos irregulares começou a ser investigado pela Polícia Federal em abril deste ano, com a primeira fase da Operação Sem Desconto. Entre os principais investigados estão Antônio Carlos Camilo, conhecido como “careca do INSS”, apontado como lobista do esquema, e o empresário Maurício Camisotti, ligados a associações suspeitas, além de ex-servidores do INSS. Todos negam envolvimento nos crimes.

Segundo a PF, os investigados teriam utilizado associações e sindicatos para aplicar descontos não autorizados nas aposentadorias, desviando recursos que deveriam ser destinados aos próprios beneficiários. A nova fase busca aprofundar a investigação, recuperar valores e responsabilizar os envolvidos.