Uma grande operação policial, deflagrada na manhã desta quinta-feira (30), resultou na prisão de 15 pessoas suspeitas de integrar uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas, homicídios, tráfico de armas e lavagem de dinheiro nos estados da Bahia e Sergipe. Entre os alvos da Operação Frater Dominus estavam o vereador de Ubaitaba George Santana (PCdoB) e seu assessor na Câmara Municipal, Carlos Rodrigo, que também foi preso.

A ação foi conduzida pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) de Ilhéus em parceria com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), através das polícias civil e militar.

Mandados cumpridos em seis cidades

Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos de forma simultânea em Ubaitaba, Itabuna, Itacaré, Maraú, Itapetinga e Salvador, além do município de Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe. As ordens foram expedidas pela Justiça Estadual da Comarca de Ubaitaba, após uma investigação que apontou o envolvimento de servidores públicos, políticos e chefes criminosos em um esquema de movimentação financeira ilícita.

De acordo com informações confirmadas pela Polícia Federal e pela SSP-BA, entre os alvos estavam o vereador de Ubaitaba George Santana (PCdoB) e o assessor Carlos Rodrigo, ambos foram presos. Durante o cumprimento dos mandados, os agentes encontraram R$ 130 mil em espécie na casa do parlamentar, valor que foi apreendido e será encaminhado para perícia. A quantia, segundo os investigadores, pode estar relacionada a um esquema de lavagem de dinheiro ligado às atividades da facção.

Outro político citado nas investigações, o vereador de Maraú, Jeazi Assunção da Hora, conhecido como Cara de Nike (Avante), foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas não foi preso. Além dele, cinco investigados ainda são considerados foragidos e estão sendo procurados pelas forças de segurança.

Estrutura do grupo e movimentação financeira

Durante as apurações, a Ficco e o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) de Sergipe identificaram que o grupo criminoso movimentou mais de R$ 20 milhões em operações financeiras consideradas incompatíveis com as rendas declaradas dos investigados. O esquema envolvia o uso de empresas de fachada, contas de terceiros e intermediação de agentes públicos para ocultar a origem ilícita dos recursos.

A Justiça também determinou o sequestro de bens pertencentes aos investigados, com o objetivo de descapitalizar a organização criminosa e garantir a efetividade das ações judiciais. A medida abrange imóveis, veículos e valores bloqueados em contas bancárias.

Operação integrada e mobilização policial

Mais de 150 agentes participaram da operação, incluindo equipes da Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e da SSP-BA, com o apoio do Draco de Sergipe. A ação teve caráter simultâneo e contou com unidades especializadas de repressão a crimes financeiros e homicídios.

De acordo com a SSP, a “Operação Frater Dominus” teve como meta interromper as atividades de uma facção com atuação interestadual, que expandia sua influência para o interior baiano e para o litoral sul. As investigações apontam que parte dos lucros obtidos com o tráfico de drogas e armas era reinvestida em propriedades rurais, eventos e atividades comerciais de fachada, visando a lavagem de capitais.

Detalhes das apreensões e próximos passos

Além do dinheiro apreendido na casa do vereador, os agentes recolheram documentos, celulares, computadores e veículos que podem reforçar as provas sobre a atuação do grupo. O material foi encaminhado para análise pericial.

Os 15 presos foram levados para unidades da Polícia Civil em Ilhéus e Itabuna, onde passaram por interrogatório e devem responder por organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, entre outros crimes. Os mandados de prisão preventiva foram expedidos após meses de investigação e cruzamento de dados financeiros.

As forças de segurança informaram ainda que o inquérito segue em andamento, com novas diligências previstas para identificar outros envolvidos, especialmente aqueles responsáveis pela movimentação e dissimulação dos valores ilícitos.

Combate ao crime organizado

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) de Ilhéus tem atuado em parceria com a Polícia Federal e órgãos estaduais para coibir facções que utilizam recursos públicos e políticos locais para ampliar suas redes de influência. A operação desta quinta-feira é considerada uma das maiores ações integradas de 2025 no Sul da Bahia, tanto pelo número de prisões quanto pelo perfil dos investigados.

Com as prisões e apreensões realizadas, a SSP-BA avalia que a ação representa um golpe significativo contra o crime organizado na região, especialmente pela identificação de conexões entre agentes públicos e estruturas criminosas. O caso segue sob investigação, e novas fases da operação não estão descartadas.