A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (16), a Operação Lockdown, desta vez no Conjunto Penal de Paulo Afonso. A ação ocorre em articulação com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) e integra uma ofensiva estratégica para combater o avanço de organizações criminosas que atuam em áreas de divisa entre estados.

A Operação Lockdown tem como foco principal desarticular possíveis articulações criminosas mantidas de dentro dos presídios e evitar a comunicação entre internos e criminosos que atuam nas ruas. Com ações simultâneas realizadas em diversos pontos da cidade de Paulo Afonso, a operação visa ainda coibir o tráfico de drogas e o uso de celulares dentro das unidades prisionais, impedindo o planejamento de atividades ilícitas a partir dos estabelecimentos penais.

Foco em regiões fronteiriças

A operação Lockdown ocorre de maneira coordenada em municípios baianos localizados em áreas de fronteira com outros estados. Essas regiões são consideradas estratégicas por facilitarem rotas de fuga e comunicação entre facções criminosas. Segundo a Seap, a presença ostensiva das forças de segurança busca desarticular essas conexões e ampliar o controle sobre o sistema prisional, especialmente em locais sensíveis como Paulo Afonso, que faz divisa com Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

Ação integrada entre forças estaduais e federais

No Conjunto Penal de Paulo Afonso, a operação é coordenada pela Superintendência de Gestão Prisional (SGP), por meio da Diretoria de Segurança Prisional (DSP). A ação conta com o emprego do Grupamento Especializado em Operações Prisionais (Geop), unidade da Polícia Penal especializada em intervenções de alta complexidade.

Além da participação da Polícia Penal, a ação recebe apoio de unidades especializadas da Polícia Militar, como a Companhia Independente de Policiamento Especializado Caatinga (Cipe Caatinga), Companhia Independente de Policiamento Tático do Norte (CIPT-Norte), Comando de Policiamento da Região Nordeste (CPR-NE) e Comando de Policiamento da Região do Extremo Sul (CPR-ES). Juntas, essas forças asseguram o cumprimento das ordens de busca e apreensão dentro do presídio, atuando de forma tática para garantir a segurança e a eficiência da operação.

Fiscalização e perícia complementam a ofensiva

Além da intervenção no conjunto penal, a Operação Lockdown contempla ações em outras áreas de Paulo Afonso. Equipes da Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizam, simultaneamente, atividades de fiscalização, abordagens, perícia e levantamento de informações relacionadas à segurança pública e à atividade criminal na cidade.

Essas ações complementares visam reforçar o cerco contra facções que atuam no entorno dos presídios e, ao mesmo tempo, coletar evidências para investigações em curso.

Operação Lockdown segue em andamento

Segundo a Seap, outras ações semelhantes deverão ser realizadas nos próximos dias em diferentes unidades prisionais da Bahia, especialmente naquelas localizadas em áreas estratégicas. O objetivo é ampliar a vigilância, coibir práticas ilícitas dentro dos presídios e reforçar a segurança pública nas regiões mais sensíveis do estado.

Esquema de corrupção envolvia venda de saídas ilegais para presos em Salvador

As investigações da segunda fase da Operação Falta Grave, cujo resultado foi divulgado no dia 31 de março, revelaram um esquema de corrupção dentro da Casa do Albergado e Egresso (CAE), em Salvador, onde um policial penal foi acusado de cobrar valores entre R$ 20 e R$ 70 por dia para permitir que detentos passassem noites e fins de semana fora da unidade prisional. Em feriados prolongados, os valores cobrados chegavam a ser ainda maiores.

Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), o agente Francisco Carlos da Cunha, afastado de suas funções por decisão judicial, fraudava os registros de presença dos internos com assinaturas retroativas, permitindo que as ausências não fossem detectadas oficialmente. A prática, segundo as autoridades, não era isolada: outros quatro agentes penitenciários também foram identificados como participantes do esquema e já haviam sido presos durante a primeira fase da operação, realizada em setembro de 2024.