Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta segunda-feira (25), Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, revelou que uma mulher ou menina foi morta a cada 10 minutos em 2023 por parceiros ou familiares. O levantamento foi realizado pela agência da ONU para Mulheres e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). As informações são da Agência Brasil.

No total, mais de 85 mil mulheres e meninas foram assassinadas no último ano, das quais cerca de 60% (51.100) perderam a vida para pessoas próximas, como parceiros íntimos ou membros da família. Isso representa uma média de 140 vítimas por dia.

A África lidera as estatísticas globais de feminicídio relacionado a familiares ou parceiros íntimos, seguida pelas Américas e pela Oceania. Nas Américas, em particular, a maioria dos casos (quase 60%) foi causada por companheiros, enquanto familiares estiveram envolvidos em 42% dos casos.

O relatório aponta que globalmente, mais da metade dos feminicídios são cometidos por familiares, e 45% dos autores são parceiros das vítimas. Em países como França, Colômbia e África do Sul, 30% das mulheres mortas por companheiros já haviam denunciado violências prévias, incluindo abusos físicos, sexuais ou psicológicos.

“A violência contra mulheres e meninas não é inevitável — é evitável. Precisamos de uma legislação robusta, coleta de dados aprimorada, maior responsabilização governamental, uma cultura de tolerância zero e maior financiamento para organizações de direitos das mulheres e órgãos institucionais”, afirmou Sima Bahous, Diretora Executiva da ONU Mulheres.

O estudo reforça que muitas dessas mortes poderiam ter sido prevenidas, como em casos onde medidas protetivas ou ordens judiciais poderiam ter sido aplicadas. No entanto, o progresso na prevenção do feminicídio tem sido limitado nos últimos anos.

Apenas 40% das mulheres que sofrem violência procuram ajuda, seja formal ou informal. Essa baixa procura, segundo especialistas, reflete a insuficiência de sistemas de proteção e a falta de confiança nas instituições.

“O novo relatório sobre o feminicídio destaca a necessidade urgente de sistemas de justiça criminal fortes que responsabilizem os perpetradores, garantindo ao mesmo tempo um apoio adequado aos sobreviventes, incluindo o acesso a mecanismos de denúncia seguros e transparentes”, declarou Ghada Waly, Diretora Executiva do UNODC.