O médium e líder religioso Divaldo Franco foi sepultado, na manhã desta quinta-feira (15), no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador, sob aplausos de amigos, familiares e fiéis seguidores do espiritismo. A cerimônia ocorreu, por volta das 10h30, e reuniu uma multidão que buscava dar o último adeus ao médium, entre os quais estavam o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e o cantor Carlinhos Brown.

Bruno Reis destaca legado

Antes do sepultamento, o prefeito lamentou a morte do líder espírita e destacou o legado deixado por Divaldo, considerado por ele um “magnífico trabalho social”. Segundo Reis, ele é um exemplo de fé, compaixão e de devoção ao trabalho social, que deve ser seguido por todas as pessoas.

“Um homem que, durante os seus 98 anos de vida, deixou um legado de inspiração, de fé e de relevantes serviços prestados à nossa cidade pelo magnífico trabalho social que realizava, por inspirar milhares e milhares de pessoas em nossa cidade”, afirmou o prefeito.

“Sem sombra de dúvidas, um dos maiores líderes espíritas do Brasil”, lamentou Bruno Reis.

Carlinhos Brown se emociona

O cantor e compositor Carlinhos Brown chegou ao velório e se emocionou com a despedida ao médium. Em declaração à imprensa, o artista disse que aquele momento não se tratava de uma despedida, pois parte do líder espírita permanecerá entre os fiéis, amigos e familiares. “Nós não podemos dizer que estamos nos despedindo de Divaldo. O Di, carinhosamente conhecido por nós, ou o Tio Divaldo, permanece nos seus ensinamentos”.

Suas mensagens e suas preces trouxeram para nós, junto à missão espiritual, a eternidade desta luz. O Tio Divaldo agora tem uma nova missão. Mas ele sempre foi luz e será”, declarou o cantor.

Brown contou ainda que espera que o embaixador da paz mundo reencarne ainda neste tempo. “Divaldo é um mensageiro real da paz, mundialmente reconhecido. Ele ensinava para a gente tudo sobre como ser ecumênico. Os melhores ensinamentos do espiritual faziam parte das suas mensagens. Ele nos aproxima sempre uns dos outros, sempre aproximando os homens, sempre aproximando as famílias”, completou.

Despedida de Divaldo

Mesmo no fim da vida, Divaldo Franco manteve a coerência com sua trajetória marcada pela humildade e doação ao próximo. Ele pediu que o velório fosse simples, sem cortejo em carro aberto e sem flores. Em vez disso, sugeriu que os recursos fossem convertidos em doações para a Mansão do Caminho, que hoje atende milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

O falecimento de Divaldo, ocorrido às 21h45 da terça-feira (13), gerou forte comoção entre políticos e artistas. Na quarta-feira (14), os vereadores da Câmara Municipal de Salvador (CMS) e os deputados da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) iniciaram as sessões com um minuto de silêncio, em homenagem ao médium. Além deles, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, entre outras autoridades e personalidades baianas, também prestaram homenagens nas redes sociais.

Trajetória e legado espiritual

Nascido em Feira de Santana, em 1927, Divaldo Franco teve os primeiros sinais de mediunidade ainda na infância. Aos 20 anos, psicografou sua primeira mensagem e não parou mais. Ao longo da vida, publicou 263 livros mediúnicos, muitos deles ditados pelo espírito Joanna de Ângelis, traduzidos para mais de 17 idiomas. Viajou o mundo com mais de 20 mil palestras e foi reconhecido como Embaixador da Paz por diversas entidades internacionais.

“Todos esperam que a paz venha dos governos, que a decretem. Nunca se terá paz por decreto. É a transformação moral do indivíduo para melhor. Quando o indivíduo se melhora, o mundo se torna mais feliz”, costumava dizer.

Mesmo com tantas honrarias, recusava homenagens individuais, preferindo que os reconhecimentos fossem direcionados à causa da fraternidade.

Mansão do Caminho: um projeto de amor que continua

O maior legado de Divaldo Franco talvez seja a Mansão do Caminho, que hoje oferece educação, assistência médica, social e espiritual para mais de 1,6 mil crianças e adolescentes, além de realizar cerca de 5 mil atendimentos diários. O presidente da instituição, Mário Sérgio Almeida, garantiu que o trabalho continuará firme.

“Ele preparou o caminho, e o caminho não parou com ele. Então, o bem não para. O bem é um longo caminho, e nós vamos continuar no bem, ampliando o nosso serviço e atendendo a comunidade toda.”