O Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA) está investigando uma denúncia anônima que aponta más condições de trabalho na fábrica da montadora chinesa BYD, localizada em Camaçari (BA). O inquérito foi aberto em 30 de setembro, e uma inspeção no local foi realizada em 11 de novembro.

A empresa, por sua vez, emitiu uma nota repudiando os maus-tratos alegados, atribuídos a funcionários de empresas terceirizadas envolvidas na construção da fábrica. A BYD informou que afastou os agressores e proibiu seu acesso à unidade, além de exigir que as prestadoras de serviço tomem medidas corretivas imediatas.

A planta da BYD, que está sendo erguida no terreno onde a montadora americana Ford operou por 20 anos, começou a ser construída em março deste ano. A previsão é que a fábrica seja concluída até o final de 2025, com um investimento superior a R$ 5,5 bilhões.

A obra, que representa um importante projeto para a montadora chinesa no Brasil, está sendo acompanhada de perto pelas autoridades locais, devido às alegações de condições inadequadas para os trabalhadores.

No centro da investigação estão as empresas terceirizadas Jian Jang, Open Engineering e AE Corp, que contratam trabalhadores chineses para a construção da unidade. O MPT investiga suspeitas de maus-tratos e condições insalubres, e está analisando os contratos de trabalho, além dos vistos dos funcionários estrangeiros. Também serão avaliados os planos de saúde ocupacional e prevenção de acidentes, documentos que deverão ser apresentados pelas empresas nos próximos dias.

O MPT está reunindo informações para formular uma proposta de ajuste de conduta ou até iniciar uma ação judicial contra as partes responsáveis. Em comunicado oficial, o procurador responsável pelo inquérito, Bernardo Guimarães, mencionou que não descarta uma nova inspeção no local.

“As informações que colhemos até o momento apontam para a necessidade de correção de procedimentos relativos ao meio ambiente de trabalho, para garantir a saúde e a segurança dos empregados”, declarou.

Além das questões de saúde e segurança no trabalho, surgiram relatos de violência física contra os trabalhadores, que estão sendo apurados pela fiscalização. O MPT reforçou que qualquer violação desses direitos será tratada com rigor e poderá resultar em ações mais severas. A BYD, por sua vez, informou que implementado medidas de fiscalização mais rigorosas para garantir o cumprimento das leis trabalhistas e o respeito aos profissionais que atuam na obra.

Em sua nota, a BYD afirmou que as empresas terceirizadas envolvidas na obra, que são chinesas, não possuem representantes no Brasil. A companhia afirmou que está trabalhando para corrigir as inconformidades encontradas e para reforçar a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores envolvidos na construção da fábrica.