MP defende pena máxima para assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos na Operação Lume, coordenada pelo MPRJ e pela Polícia Civil, em março de 2019


Redação
Redação 31/10/2024 16:40 • Cidades
MP defende pena máxima para assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes - Divulgação

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) defendeu penas rigorosas para Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Em seu segundo dia de julgamento, os promotores do MPRJ, durante 2h30 de exposição, argumentaram veementemente junto aos jurados que ambos os réus devem ser condenados por todos os crimes pelos quais foram acusados, incluindo duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação do veículo Cobalt, usado no assassinato em 14 de março de 2018.

O promotor Eduardo Martins defendeu, em suas alegações, que a dupla seja condenada em todas as acusações. Ele relembrou aos jurados as provas materiais que fundamentam o caso e criticou as tentativas dos réus de amenizar as responsabilidades. “Tudo o que eles falaram objetivamente foi comprovado, mas na parte subjetiva tentaram o tempo todo amenizar: ‘Ah, eu só queria matar a Marielle, e não o Anderson’. Mas entrou no carro, mas matou”, afirmou, detalhando ainda o percurso do carro utilizado no crime.

Outro promotor do caso, Fábio Vieira, em sua fala, destacou o perfil psicológico dos réus, descrevendo-os como “sociopatas”. Segundo ele, “Confessaram porque estão arrependidos? Não. Confessaram porque vão ganhar um benefício de alguma forma. Então, isso é uma característica do sociopata, eles não têm emoção em relação ao outro, eles não têm sentimento, não têm empatia”.

Vieira ainda explicou que os réus são frios e calculistas em relação à gravidade dos atos que cometeram, sem qualquer remorso ou consideração pela vida humana. “Eles sabem o que é certo e o que é errado, mas eles não ligam para isso. Eles só ligam para as consequências, para o medo de serem punidos caso sejam pegos, como aconteceu. Para eles, não importa a vida. ‘Eu fui contratado para matar a Marielle, mas não me importa, porque eu vou receber dinheiro’”, afirmou.

A promotora Audrey Castro, que também atuou na acusação, destacou a magnitude do crime, afirmando que o caso Marielle possui uma repercussão mundial. Ela observou: “Esse fatos [do caso Marielle] não repercutem só no município do Rio de Janeiro, mas têm repercussão mundial. Tem uma coisa nesse processo, que o trouxe ao IV Tribunal de Justiça, e que o faz comum a muitos processos. Nele, foram praticados crimes dolosos contra vida”.

Eduardo Martins, promotor de Justiça, argumentou sobre as tentativas dos réus de minimizar o crime e distorcer os fatos, mas afirmou que as evidências coletadas reforçam a tese acusatória. “É importante dizer o seguinte: tudo o que eles falaram objetivamente, porque na parte subjetiva eles tentaram o tempo todo amenizar: ‘Ah, eu só queria matar a Marielle, e não o Anderson’, ‘ah, eu não queria matar ninguém’. Mas entrou no carro, mas matou. Só que os dados objetivos foram todos corroborados, a volta que o táxi deu, nós conseguimos demonstrar esse carro indo para Rocha Miranda para ser picotado”, detalhou o promotor.

No julgamento, uma das assistentes de acusação destacou que Marielle Franco, por seu papel como mulher negra e LGBT em uma posição de poder, se tornou alvo. Ela relembrou o evento que a vereadora participou na Casa das Pretas, na Lapa, pouco antes de sua morte, onde Marielle falava sobre a representatividade das mulheres negras em espaços de decisão.

“Marielle, nesse evento [realizado na Casa das Pretas], já se aproximando do fim, dizia assim: ‘Por 10 anos foi Benedita, por 10 anos foi Jurema, não dá para achar que vou ficar sozinha por mais 10 anos. Nós não temos 10 anos’. Marielle não teve nem 40 minutos, 40 minutos depois ela estava sendo executada com quatro tiros na cabeça. Essa é a urgência que Marielle vivia. Por isso, ela incomodou tanto, ela mexeu com as estruturas.”

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram presos na Operação Lume, coordenada pelo MPRJ e pela Polícia Civil, em março de 2019. Desde então, confessaram a autoria do crime e fecharam acordo de delação premiada, admitindo o envolvimento no assassinato da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.

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