A modelo e influenciadora digital Raíssa Suellen Ferreira da Silva, de 23 anos, foi encontrada morta na manhã desta segunda-feira (9), após uma semana desaparecida em Curitiba, no Paraná. Natural de Paulo Afonso, no interior da Bahia, Raíssa morava na capital paranaense há cerca de três anos, onde dividia um imóvel com amigas. O principal suspeito, o humorista baiano Marcelo Alves, confessou à polícia o assassinato da jovem após alegar estar apaixonado por ela e não ter sido correspondido.

Relato do crime e ocultação do corpo

Após o homicídio, o suspeito deixou o corpo em um cômodo da casa e, mais tarde, o enrolou em uma lona, prendendo-o com fita adesiva. Em seguida, com a ajuda do filho, transportou o cadáver até uma área de mata no município de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. A vítima foi enterrada em uma cova rasa, descoberta após o próprio Marcelo guiar os policiais até o local, durante sua confissão.

O desaparecimento de Raissa havia sido registrado desde o início do mês, e sua família, em desespero, chegou a organizar mobilizações em redes sociais e campanhas de arrecadação para custear a busca. Durante esse período, o próprio autor do crime manteve contato com os parentes da jovem, chegou a oferecer hospedagem em sua casa e se prontificou a ajudar nas buscas — comportamento que, segundo a polícia, foi estratégico para evitar suspeitas.

Suspeito era figura paterna e ajudou na mudança da vítima para Curitiba

Marcelo era considerado amigo da família da vítima, tendo conhecido Raissa quando ela tinha apenas 10 anos, em um projeto social em Paulo Afonso, no norte da Bahia. Anos depois, foi um dos responsáveis por viabilizar sua mudança para Curitiba. De acordo com familiares, a jovem o considerava uma figura paterna. O primo da vítima, Herbert Guilherme, relatou que confiava plenamente no humorista, que se mostrou solidário até os últimos dias da busca.

Segundo a delegada responsável pelo caso, Aline Manzatto, o suspeito declarou que estava apaixonado por Raissa, mas não foi correspondido. Diante da rejeição e após uma discussão, teria agido por impulso e cometido o assassinato. A versão apresentada está sendo investigada, assim como a hipótese de violência sexual e o grau de envolvimento do filho de Marcelo na ocultação do corpo.

Prisão e andamento das investigações

Marcelo foi autuado em flagrante por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A Polícia Civil informou que já solicitou a conversão do flagrante em prisão preventiva. O filho do humorista também foi detido por ocultação de cadáver, mas pagou fiança e foi liberado.

A polícia continua apurando todos os detalhes do crime, especialmente para confirmar se as lesões no corpo da vítima são compatíveis com o relato de Marcelo. Os laudos periciais serão determinantes para a definição dos próximos passos da investigação.

Defesa alega “violenta emoção”

O advogado de Marcelo, Caio Percival, afirmou que não houve premeditação. Segundo ele, o crime ocorreu sob o domínio de “violenta emoção” após provocação. O defensor ressaltou que o cliente é réu primário, tem bons antecedentes e está colaborando com as autoridades desde que decidiu confessar.

Raissa será sepultada na Bahia, e a comoção causada pelo caso mobilizou moradores de Curitiba e de sua cidade natal, gerando revolta nas redes sociais diante da brutalidade com que a jovem foi assassinada por alguém que considerava um amigo e protetor.