O mercado financeiro reduziu a previsão de inflação para 2025, mas o índice continua acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. De acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central, a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do próximo ano caiu de 5,44% para 5,25%. Ainda assim, o número permanece 0,75 ponto percentual acima do limite superior da meta contínua, que é de 4,5%.

A projeção considera a média das expectativas dos analistas econômicos ouvidos semanalmente pelo BC. Entre as 115 estimativas mais recentes, atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana caiu de 5,34% para 5,24%, indicando uma tendência de desaceleração mais forte nas revisões mais atuais. O número reflete uma leve melhora no cenário inflacionário para o próximo ano, mas ainda demonstra desconfiança do mercado quanto à eficácia das políticas de controle de preços e da política fiscal em curso.

Projeções para anos seguintes seguem estáveis

Para 2026, a expectativa se manteve em 4,50% pela quinta semana consecutiva, alinhada ao teto da meta. A mesma estabilidade foi observada entre as 112 previsões mais recentes. Já para 2027, a projeção ficou inalterada em 4,00% pela 17ª semana seguida, e, para 2028, a estimativa permaneceu em 3,85%. Um mês atrás, a mediana para o IPCA daquele ano era de 3,80%, o que revela um leve aumento nas projeções de mais longo prazo.

O próprio Banco Central, em seu último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado em maio, projetou uma inflação de 4,8% para 2025 e de 3,6% para 2026, dentro do intervalo de tolerância, mas ainda acima do centro da meta de 3%.

Nova regra da meta de inflação

Desde este ano, a meta de inflação no Brasil passou a ser contínua, com base no IPCA acumulado em 12 meses. A nova sistemática estabelece um centro de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Caso o IPCA ultrapasse esse limite por seis meses consecutivos, o Banco Central será obrigado a divulgar publicamente uma carta explicando os motivos para o descumprimento e as medidas que pretende adotar.

O Copom se reúne novamente nesta semana, entre terça (17) e quarta-feira (18), e deve atualizar suas projeções econômicas. Na última reunião, o comitê elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual.

Percepção negativa sobre a economia

A percepção da população sobre a economia brasileira voltou a piorar e atingiu seu patamar mais alto desde o início da série atual do instituto Ipsos-Ipec. Segundo levantamento divulgado no sábado (14), 49% dos brasileiros acreditam que a situação econômica do país se deteriorou nos últimos seis meses. O número representa um crescimento expressivo de nove pontos percentuais em comparação à pesquisa anterior, realizada em dezembro de 2024, quando essa fatia era de 40%.

A nova rodada da pesquisa revela um clima de desânimo mais acentuado em meio a um cenário de inflação ainda acima da meta, juros altos e incertezas fiscais. Enquanto quase metade da população percebe piora no quadro econômico, apenas 23% disseram notar alguma melhora, o que representa uma queda em relação aos 27% que tinham essa percepção em dezembro. Outros 26% afirmaram que a situação permanece a mesma, e 3% não souberam ou preferiram não responder.