A expectativa do mercado financeiro para a taxa Selic ao fim de 2025 permaneceu em 14,75%, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (16). Essa projeção está estável há seis semanas consecutivas, indicando a percepção de que o ciclo de aperto monetário iniciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em maio pode estar próximo de um ponto de inflexão — ou, ao menos, de pausa.

A taxa de juros foi elevada para o atual patamar de 14,75% na reunião do Copom em 7 de maio, com um aumento de 0,5 ponto percentual. Desde então, os analistas passaram a monitorar com atenção os sinais do Banco Central sobre os próximos passos da política monetária. O colegiado volta a se reunir nesta quarta-feira (18), e a decisão é aguardada com grande expectativa pelo mercado.

Apostas divididas para a próxima decisão do Copom

Entre as 48 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast, as opiniões estão divididas:

• 27 casas (56%) apostam na manutenção da Selic em 14,75%.
• 21 instituições (44%) projetam nova alta de 0,25 ponto, levando a taxa a 15% ao ano.

No fechamento dos mercados na última sexta-feira (14), a curva de juros embutida nos contratos futuros refletia essa divisão, com 56% de chance de elevação e 44% de probabilidade de estabilidade na reunião de junho.

O próprio BC, em ata da reunião anterior, descreveu o patamar atual como “significativamente contracionista”, sugerindo que a política monetária já exerce forte contenção sobre a atividade econômica. O documento destacou, ainda, a necessidade de “cautela e flexibilidade”, diante das incertezas que cercam o ambiente doméstico e externo.

Galípolo reforça postura técnica do Banco Central

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem reiterado que as decisões do Copom serão baseadas em dados. Em evento recente no Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP), no dia 2 de junho, Galípolo afirmou que a autoridade monetária continuará avaliando os indicadores econômicos com atenção, especialmente inflação e atividade, antes de qualquer nova movimentação na Selic.

Segundo ele, o objetivo é assegurar que a taxa básica esteja em nível suficientemente restritivo para garantir a convergência da inflação à meta, sem comprometer o crescimento sustentado da economia brasileira.

Estabilidade também nas projeções de longo prazo

Além da expectativa para 2025, o relatório Focus mostra estabilidade nas projeções de juros para os anos seguintes:

• 2026: 12,50% — mantida pela 20ª semana consecutiva.
• 2027: 10,50% — inalterada há 18 semanas.
• 2028: 10,00% — previsão mantida por 25 semanas seguidas.

Esses números refletem a percepção de que, apesar do cenário de curto prazo ainda pressionado, o mercado acredita que a política monetária entrará em trajetória de flexibilização moderada a partir de meados de 2026, acompanhando uma possível melhora nos indicadores fiscais e inflacionários.

Expectativas seguem ancoradas, mas com viés de cautela

Apesar da aparente estabilidade nas projeções, o cenário segue repleto de incertezas, especialmente quanto à evolução da inflação, do câmbio e das contas públicas. A próxima reunião do Copom, portanto, será decisiva para sinalizar se o Banco Central pretende interromper o ciclo de aperto, seguir com ajustes marginais ou adotar nova abordagem diante do atual contexto econômico.