O Banco Central (BC) divulgou, nesta terça-feira (3), que ainda existem R$ 9,13 bilhões em valores a receber por clientes de instituições financeiras. Os dados referem-se ao mês de março e apontam que 42.133.520 pessoas físicas deixaram de resgatar R$ 6,94 bilhões. Outros R$ 2,19 bilhões pertencem a 4.300.668 empresas, que também não buscaram os recursos. As informações são da Agência Brasil.

A devolução total registrada até o momento pelo sistema foi de R$ 10,020 bilhões. Do montante já pago, R$ 7,39 bilhões foram destinados a 26.999.562 pessoas físicas, enquanto R$ 2,62 bilhões foram devolvidos para 2.692.387 empresas.

O levantamento faz parte do Sistema de Valores a Receber (SVR), uma plataforma digital criada pelo BC que permite a consulta e a solicitação de recursos esquecidos em bancos, cooperativas de crédito, consórcios e outras instituições autorizadas.

Como consultar e resgatar valores esquecidos

O processo para verificação e resgate de valores é gratuito e pode ser feito diretamente pelo site. Para pessoas físicas, basta informar o CPF e a data de nascimento. No caso de empresas, o sistema requer o CNPJ e a data de abertura – mesmo para companhias já encerradas. Também é possível consultar valores deixados por pessoas falecidas, desde que os dados estejam disponíveis.

O resgate pode ser feito de duas formas:

1. Contato direto com a instituição financeira responsável pelo valor;
2. Solicitação pelo próprio sistema do Banco Central.

Para essa segunda opção, é necessário possuir uma conta Gov.br nos níveis prata ou ouro, com a verificação em duas etapas habilitada. Após autenticação, o usuário deve informar sua chave Pix, que não pode ser aleatória, e seguir com a solicitação do saque.

Banco Central registra quase 400 mil fraudes no país em 2024

O Banco Central informou, durante o mês de abril, um crescimento expressivo de fraudes no sistema financeiro em 2024. Segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação pelo Broadcast, o ano já apresenta média de 390 mil notificações de fraudes por mês.

Somente em janeiro, foram registradas 324.752 ocorrências, consideradas procedentes pelas instituições participantes do Pix. As fraudes incluem transações feitas sem autorização, por terceiros, sob ameaça ou por meio de golpes.

O aumento vem sendo registrado desde o lançamento do sistema:

• 2021: 30.892 casos por mês
• 2022: 136.882 por mês
• 2023: 216.046 por mês

Ainda assim, os casos representam cerca de 0,007% das transações mensais, o que, em janeiro, correspondia a 5,682 bilhões de operações via Pix.

Medidas para conter fraudes no Pix

Para mitigar os riscos, o BC prepara o lançamento de um novo recurso: o autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), previsto para entrar em operação a partir de 1º de outubro. A funcionalidade permitirá que usuários solicitem devoluções diretamente pelos aplicativos bancários, sem necessidade de falar com atendentes.

O BC também adotou ações anteriores para reforçar a segurança, como:

• Limites de transações noturnas desde 2021;
• Cadastro prévio de contas para transferências elevadas;
• Limitação de R$ 200 por transação em dispositivos não cadastrados, com teto diário de R$ 1.000 (válido desde o fim de 2023).

Pressão por punições mais rigorosas e novas funcionalidades

Setores do sistema financeiro pressionam por sanções mais duras contra envolvidos em fraudes, como o banimento por até cinco anos de quem empresta contas para golpes. Também há propostas para que dirigentes de instituições com altos índices de fraudes sejam responsabilizados, o que, segundo os defensores da medida, pode estimular investimentos em segurança interna.

Ao mesmo tempo, o Pix segue em expansão. Entre as novidades, está o Pix Parcelado, com lançamento previsto para setembro. A funcionalidade permitirá que o pagador parcele a transação, enquanto o recebedor recebe o valor integral. Outra inovação é o Pix em Garantia, previsto para 2026, que permitirá a empresas usarem recebíveis futuros como garantia de crédito.