Mãe Ana prega respeito entre religiões: ‘Orixá não é demônio’

Em uma época marcada por desafios e transformações, mãe Ana de Xangô, líder do Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, enfatizou a importância da manutenção da harmonia entre as religiões. Durante participação no especial SobreTudo, do Portal M!, a ialorixá ressaltou que Deus é “único” e “supremo” e que o respeito mútuo é fundamental para a convivência.

“Deus é único, é supremo. Ele, para nós, da religião de matriz africana, existe sim. Nós louvamos Deus, que é Olorum, pedimos saúde, como uma outra religião qualquer. O que precisamos ter, ao meu olhar, é respeito um com o outro, a umbanda, o evangélico, seja ele um protestante da Igreja Universal, da presbiteriana. O importante é que cada um de nós tenha esse respeito com o outro, com a palavra, com a crença, a fé, porque eu acredito em orixá, mas eu também acredito em Deus, e esse Deus é único. O que precisamos é respeitar um ao outro”, apontou.

Na avaliação de mãe Ana de Xangô, Deus está acima de toda “força” e “energia”, independentemente de sua origem. Ela acredita que a fé, sendo poderosa o suficiente para remover montanhas, deve ser responsável por unir pessoas de diferentes crenças.

“Ele está acima de toda força, de toda energia, seja ela qual for. Porque a fé remove montanhas. Se eu acredito que o mar tem uma cor transparente, digamos assim, como uma metáfora, eu vou acreditar até o fim. E eu também preciso respeitar a fé do meu irmão”, defendeu.

A ialorixá também falou sobre os preocupantes casos de intolerância religiosa enfrentados por praticantes do candomblé, ressaltando a importância de se respeitar a fé alheia, e lembrou que Salvador é uma cidade negra. Para ela, apenas através do respeito, será possível ver as coisas com “olhar diferente”.

“Essa cidade é negra, né? Não é a fala de mãe Ana, é o que ouvimos falar e o que a gente vê no dia a dia. E o que eu digo sobre essa questão de intolerância, eu vejo que precisamos respeitar. É o que eu falo e volto. Eu não posso dizer que o outro está fazendo algo de inconveniente, porque a minha fé, o meu desejo, o meu amor, aonde eu quero estar, é o meu momento e eu preciso respeitar o outro para ser respeitado. Então, no que eu acredito, eu vou caminhar o tempo todo dizendo, eu acredito em orixá. Orixá não é demônio. Tem algumas leituras que são feitas, mas eu, ainda assim, digo que devemos respeitar uns aos outros. A partir dessa palavra ‘respeito’, as coisas irão ser vistas com olhar diferente”, enfatizou.

Confira a participação de Mãe Ana no Sobretudo: