Odileta Pansani de Haro e Paschoal de Haro faleceram no dia 17 de abril, com dez horas de diferença, em Votuporanga, interior de São Paulo. O casal havia completado 74 anos de união dois dias antes. Eles mantiveram, durante décadas, o hábito de trocar cartas de amor como forma de expressar carinho e sentimentos. As informações são do G1.

Início da história e primeiros encontros

A trajetória do casal começou após um encontro casual na Praça da Matriz, em Votuporanga. Odileta, então com 15 anos, e Paschoal, com 18, deram início a um namoro marcado por trocas frequentes de mensagens. Segundo o genro, Luciano Leal, as cartas registram a evolução do relacionamento e os laços emocionais entre os dois.

Cartas revelam sentimentos e desejos

No dia 3 de dezembro de 1947, Paschoal escreveu sua primeira carta: “Desejaria viver ao teu lado, adivinhar os teus desejos, fazer-te feliz porque só assim eu seria feliz também. Acredito que jamais pensarei em outra mulher. Mesmo que viva mil anos me lembrarei de ti e dos momentos felizes que passei ao teu lado”.

Já em 4 de fevereiro de 1950, Odileta escreveu:

“Já estou pensando como devo fazer para aguentar ficar um mês longe de você”, chamando-o de “meu brotinho dourado”.

Trocas de carinho persistiram após o casamento

Mesmo após décadas juntos, o casal manteve o hábito das cartas. Em 2009, Paschoal escreveu:

“A você, querida companheira, meu anjo protetor, te agradeço de coração pelos 58 anos juntos, com dores e alegrias. Que Jesus nos abençoe”.

União marcada por partilha e família

O casamento ocorreu em 15 de abril de 1951, na fazenda dos pais de Odileta, em Votuporanga. A cerimônia coincidiu com o aniversário de 20 anos de Paschoal. A união gerou seis filhos, além de netos e bisnetos. Paschoal trabalhou em uma loja de tecidos e Odileta se dedicou ao cuidado da família.

Saúde debilitada e despedida

Na fase final da vida, Odileta foi diagnosticada com Alzheimer e passou a receber cuidados do marido. Em 2023, Paschoal foi diagnosticado com câncer no intestino, em estágio avançado. Ele expressou o desejo de que ambos partissem juntos. No dia 17 de abril, Odileta morreu às 7h, aos 92 anos. Paschoal faleceu às 17h, aos 94 anos, no mesmo quarto da casa em que viviam.

Homenagens e legado

O genro, Luciano, descreveu o casal como um exemplo de que almas gêmeas existem. Ele afirmou que as cartas se tornaram um símbolo do amor puro e pretende transformá-las em um livro:

“Hoje, após a morte, eu não diria que as cartas ficaram como um consolo, muito mais como uma prova viva e um símbolo de que acreditemos sempre no amor, pois o amor sempre vence”, disse.

Coincidências marcantes

A data de 15 de abril, além de marcar o casamento e o aniversário de Paschoal, também se tornou ainda mais simbólica com o nascimento da primeira neta, Camila, e da bisneta, Athena, no mesmo dia.

Desfecho emocionante

No dia 15 de abril, dois dias antes da partida, a família se reuniu para celebrar os 74 anos de casamento.

“Essa paixão, digna de um filme, ao qual sempre falavam que partiriam juntos e assim o fizeram, assim cumpriram. Vieram, se viram e venceram essa grande paixão que sempre um teve pelo outro e deixaram essa família linda. Ficou o legado deles para toda a eternidade”, concluiu o genro.