O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) esteve, nesta última quinta-feira (15), em Salvador, para participar de um ato público realizado na Universidade Federal da Bahia (Ufba). A iniciativa integra a Caravana #GlauberFica, que percorre o país em defesa da manutenção de seu mandato na Câmara dos Deputados. O parlamentar denunciou estar sendo vítima de uma perseguição política, supostamente orquestrada pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e classificou como injusta a decisão do Conselho de Ética da Casa, que aprovou sua cassação.

“O que eles estavam tentando fazer? Uma cassação sumária, para as pessoas não saberem o que estava acontecendo. Quando você amplifica essa denúncia, as pessoas passam a acompanhar e isso faz com que aquele que está tentando te cassar rapidamente se sinta menos à vontade para fazê-lo”, bradou Glauber.

Segundo o deputado, o processo disciplinar movido contra ele, após um embate com um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), ocorrido em abril de 2023, é apenas um pretexto para silenciá-lo.

“A verdadeira motivação são as denúncias que meu mandato fez contra Arthur Lira”, lamentou.

Parlamentar critica tentativa de cassação e reforça denúncia pública

De acordo com Glauber Braga, a tentativa de cassá-lo foi arquitetada para ocorrer rapidamente e sem a devida atenção da opinião pública. Para o parlamentar, a mobilização nacional em torno do seu caso é essencial para impedir a violação de direitos parlamentares e para preservar mandatos independentes na Câmara.

“Eu não vou ficar calado, não vou beijar a mão de Arthur Lira. Nosso inimigo tem muito poder e dinheiro. O que eu tenho é a minha voz e a solidariedade das pessoas. E é nisso que eu vou acreditar para virar esse jogo”, declarou.

Ato em Salvador reforça apoio institucional e popular

O evento realizado em Salvador contou com a presença de lideranças da esquerda baiana e dirigentes do PSOL, como Kleber Rosa, ex-candidato à Prefeitura de Salvador. “A continuidade do mandato de Glauber é essencial para o Brasil, para os movimentos sociais e para a defesa das bandeiras da esquerda no Congresso. Ele representa uma voz ativa na luta por justiça social e pelos direitos humanos”, pontuou.

Além de Kleber, também estiveram presentes outros representantes do PSOL, como o deputado estadual Hilton Coelho e o vereador Hamilton Assis, que ressaltaram a importância da movimentação de Glauber. Segundo eles, trata-se de um movimento que transcende partidos e que luta pela livre democracia.

Greve de fome e resistência como estratégias políticas

Desde que teve um processo de cassação iniciado, Glauber Braga realizou outras manifestações. A mais emblemática foi a greve de fome, realizada entre os dias 9 e 17 de abril, no plenário 5 da Câmara dos Deputados. Durante nove dias, ele se alimentou apenas de água, soro fisiológico e isotônico. Durante a greve, ele classificou o processo como uma “tentativa de cassação política e autoritária”.

O protesto foi encerrado após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sinalizar que a votação do processo seria adiada para o segundo semestre. Mesmo assim, o recurso apresentado por Glauber à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi rejeitado no dia 29 de abril. Foram 44 votos contra e 22 a favor, com apoio apenas de PSOL, PT, PDT, PSB e PSD.

Plenário da Câmara decidirá o futuro de Glauber Braga

Com a negativa da CCJ, o processo de cassação segue para apreciação no plenário da Câmara dos Deputados. Para que a perda de mandato seja efetivada, são necessários ao menos 257 votos favoráveis — número equivalente à maioria absoluta dos parlamentares. Caso o quórum não seja atingido, o processo será arquivado.

O presidente Hugo Motta afirmou que não pretende pautar a votação nos próximos 60 dias. Na avaliação de aliados de Glauber, isso oferece uma oportunidade estratégica para consolidar apoios e ampliar a pressão contra o que consideram uma cassação de viés político.