Escultura de Iemanjá é restaurada para festa de 2 de fevereiro em Salvador
Imagem da Rainha do Mar se encontra na Colônia de Pescadores Z1, no bairro Rio Vermelho

A escultura de Iemanjá, um dos principais símbolos da cultura baiana, foi restaurada, a tempo de celebrar a festa em sua homenagem, que ocorre anualmente no dia 2 de fevereiro e, neste ano, cairá no próximo sábado. De acordo com Chicco Assis, diretor de Patrimônio e Espaços Públicos da Fundação Gregório de Matos (FGM), o monumento, que representa a Rainha do Mar, passou por um processo minucioso de recuperação autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com remoção de camadas de tinta acumuladas ao longo dos anos e restauro de detalhes essenciais da obra, como a recolocação de quase 600 búzios que estavam danificados.
Processo de restauração da escultura
Segundo o artista plástico José Dirson Argolo, responsável pela restauração do monumento a Iemanjá, foi um “trabalho meticuloso e detalhado”. Originalmente, o pedestal da imagem da orixá estava coberto por camadas espessas de tinta, que ocultavam muitos detalhes importantes, incluindo as conchas que adornam a sua base.
Conforme Argolo, o trabalho levou mais tempo do que o previsto, devido à complexidade da tarefa. Durante o processo de recuperação, foi realizada a remoção cuidadosa de várias camadas de tinta, utilizando bisturis cirúrgicos para não danificar a estrutura original.
Além da remoção das camadas de tinta, cerca de 600 danificados precisaram ser recolocados. Esse processo foi realizado com a máxima precisão, para que o monumento voltasse a refletir a beleza e a importância histórica e religiosa que ele representa para os baianos. De acordo com José Dirson, foi um processo extremamente delicado, principalmente no resgate do pedestal, constituído originalmente de búzios, que estava encoberto por dezenas de camadas de tinta, com mais de três centímetros de espessura, que cobriam totalmente as conchas.
“Então, foi um trabalho delicado de remoção, com bisturis cirúrgicos, e depois com a recolocação de quase 600 búzios que estavam danificados. Foi um trabalho que durou quase duas vezes mais, feito com muita devoção por mim e por toda a equipe do Estúdio Argolo, que há mais de 50 anos cuida do patrimônio da cidade”, explicou José Dirson em entrevista à Rede Bahia.
Devoção e tradição de Iemanjá
O trabalho de restauração do monumento a Iemanjá foi realizado com muito respeito e devoção, como explicou José Dirson. O profissional, que tem uma relação de profunda admiração pela cultura afro-brasileira, relatou sua paixão pela cidade e pela sua história.
“Eu conheci Salvador quando tinha 17 anos e me apaixonei pela cidade. Era uma cidade mágica, com todo o seu casario ainda preservado, os grandes candomblés funcionando. Tive essa oportunidade de conhecer Mãe Menininha, Mãe Estela e tantas mães de santos importantes. Então, é isso, está muito dentro de mim essa paixão pela Bahia e pela sua cultura popular”, declarou emocionado.
Dia de Iemanjá
O dia de Iemanjá, que ocorre todo dia 2 de fevereiro, é a maior manifestação religiosa pública do candomblé e também uma das festas populares mais tradicionais de Salvador e da Bahia. A festa atrai milhares de adeptos à religiões de matriz africana, turistas de todas as partes do mundo e baianos que vêm à capital baiana para para reverenciar a Rainha do Mar e enfrentam longas filas para depositar seus presentes nos gigantes balaios, que serão levados pelos pescadores ao mar.
O bairro do Rio Vermelho se transforma em um verdadeiro manto branco com rosas e oferendas que também podem ser entregues pela própria pessoa ao mar, além dos balaios montados na Colônia de Pescadores Z1, onde está a Casa de Iemanjá. Neste ano, a data acontece neste domingo (2) e já na noite de sábado (1º) já podem ser vistas as primeiras manifestações em reverência ao orixá das águas salgadas. E, claro, a festa também mistura o sagrado com o profano.
Patrimônio imaterial de Salvador
A Festa de Iemanjá, que já é reconhecida mundialmente, foi recentemente oficializada como patrimônio imaterial de Salvador. Segundo o diretor da FGM, Chicco Assis, o processo de patrimonialização da festa tem como objetivo garantir que as tradições e elementos culturais relacionados à festa de Iemanjá sejam preservados para as futuras gerações.
“Essa festa é uma das mais importantes do calendário de festas populares. É a única festa que tem o nome de uma divindade africana, afro-diaspórica, a gente está aqui saudando a Rainha do Mar e fazendo todo o processo de salvaguarda, a partir da patrimonialização realizada pela Prefeitura de Salvador, pela Fundação Gregório de Matos, e que traz uma força justamente para preservar a festa”, disse Chicco.
Requalificação de barcos
A preservação da festa de Iemanjá também envolve outras iniciativas, como a requalificação de seis barcos da Colônia Z1, responsável por garantir a continuidade da tradição pesqueira em homenagem à Iemanjá. A parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da Fundação Gregório de Matos, tem possibilitado a realização de investimentos contínuos para apoiar esses profissionais, que são fundamentais para o sucesso da festa.
“Temos também a requalificação de seis barcos da Colônia Z1, porque a gente entende que, para além do dia 2 de fevereiro, é necessário fortalecer os detentores dessa tradição e fortalecer os pescadores em seu cotidiano. Essa requalificação de seis barcos acontece em parceria com o Iphan, por meio de um convênio firmado com a Fundação Gregório de Matos, permitindo investimentos contínuos no dia-a-dia desses profissionais”, ressaltou Chicco Assis.
Premiação
O edital Salvador, Cidade de Patrimônio, que premiará 30 detentores de bens imateriais, vai contemplar pescadores, capoeiristas, baianas de acarajé e outros mestres da cultura popular, reforçando a importância dessas tradições para a memória coletiva da cidade.
“Além disso, com a premiação a partir do edital Salvador, Cidade de Patrimônio, 30 detentores de bens imateriais da cidade serão contemplados, incluindo pescadores, integrantes do Samba Junino, capoeiristas, baianas de acarajé e tantos outros patrimônios imateriais da nossa cidade . O objetivo é preservar a nossa história e memória para que se perpetuem e continuem vivas”, completou Chicco.
O pescador seu Joel, mais conhecido como seu Galo, também comentou sobre a restauração da escultura e sobre a festa de Iemanjá.
“Quero agradecer a todos, todo esse esforço que fizeram, a vocês por divulgar essa festa da importância que tem, do tamanho que é, certo? E que Deus nos abençoe”, disse o pescador à TV Bahia nesta manhã.
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