Moradores de Salvador foram surpreendidos na tarde desta sexta-feira (9) com a aparição inusitada de um elefante-marinho na rua Leblon, no bairro de Massaranduba, localizado na Península de Itapagipe, região da cidade baixa. O animal, típico de águas geladas e regiões polares, emergiu do mar, se aproximou do calçadão e, em seguida, retornou à maré, chamando a atenção de quem passava pelo local.

Apesar do susto inicial, essa não foi a primeira vez que o mamífero foi avistado. Durante a madrugada, o animal já havia sido identificado em São Francisco do Conde, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), e, posteriormente, foi visto também em Candeias. O deslocamento do elefante-marinho por diferentes pontos da costa baiana tem intrigado especialistas e mobilizado equipes de monitoramento ambiental.

Espécie de foca é considerada a maior do mundo

De acordo com o Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA), trata-se de um elefante-marinho-do-sul, uma espécie de foca considerada a maior do mundo. O biólogo Francisco Kelmo, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), explicou que o animal pertence a uma família de mamíferos marinhos sem orelhas visíveis e com um modo peculiar de locomoção, já que não utiliza a nadadeira traseira para se movimentar.

Kelmo destacou ainda que a presença do elefante-marinho na costa baiana pode estar relacionada a alterações nas correntes marítimas provocadas pelas mudanças climáticas. “É possível que o deslocamento tenha sido causado por distúrbios nos padrões oceânicos, fazendo com que o animal se afastasse de sua rota habitual”, avaliou o biólogo.

Buscas pelo animal são realizadas na capital baiana

O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), em parceria com o IMA e a Companhia Independente de Policiamento de Proteção Ambiental (Coppa), da Polícia Militar da Bahia, já iniciou as buscas pelo animal. Dois veterinários especializados estão em campo com o objetivo de localizá-lo e avaliar suas condições de saúde.

Segundo o Inema, aparições como essa são raras, mas costumam ocorrer com indivíduos jovens da espécie, que podem se perder durante longas migrações. É mais comum que esses mamíferos sejam encontrados no litoral sul do Brasil durante o inverno, quando buscam locais para descanso.

A operação de resgate dependerá da avaliação clínica feita pelos veterinários. Caso o animal apresente sinais de ferimentos, debilidade ou outros problemas de saúde, ele será encaminhado para o centro de reabilitação do IMA, onde receberá tratamento especializado. Após a recuperação completa, o elefante-marinho será devolvido à natureza em uma área compatível com seu habitat de origem.

Cuidades e riscos ao tentar se aproximar do animal

As autoridades ambientais alertam para que a população não tente se aproximar do animal caso ele seja visto novamente. A recomendação é acionar imediatamente os canais oficiais de atendimento, como o próprio IMA ou a Polícia Ambiental, garantindo a segurança tanto do animal quanto das pessoas.

O caso reforça a importância do monitoramento da fauna marinha e do impacto das mudanças ambientais nos padrões migratórios das espécies. O aparecimento do elefante-marinho em Salvador, ainda que surpreendente, é mais um indicativo das alterações em curso nos ecossistemas globais.