Educação em crise: apenas 3% dos estudantes baianos dominam matemática no ensino médio público
Levantamento mostra também desigualdades raciais e desempenho abaixo da média nacional entre alunos no Estado

Um levantamento do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), divulgado nesta última segunda-feira (28), revelou um dado alarmante sobre a educação na Bahia: apenas 3% dos estudantes do 3º ano do ensino médio da rede pública estadual apresentaram aprendizagem adequada em matemática em 2023. O percentual evidencia a defasagem no ensino da disciplina no Estado, mesmo após avanços pontuais desde 2021, quando o índice era de apenas 1%.
A análise, feita com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2023, escancara as desigualdades educacionais existentes entre redes de ensino e perfis sociais e raciais. Entre os alunos da rede privada da Bahia, o desempenho é significativamente melhor: 28% demonstraram nível adequado de aprendizado em matemática, quase dez vezes mais que os estudantes da rede pública.
Desempenho em português também preocupa, mas é superior ao de matemática
A pesquisa do Iede também analisou o rendimento dos alunos em língua portuguesa. Na rede pública baiana, 22% dos estudantes atingiram aprendizagem adequada na disciplina. Já nas escolas particulares, o índice sobe para 65%. Apesar dos números serem superiores aos de matemática, a diferença entre as redes revela disparidades estruturais e dificuldades persistentes.
Em comparação com 2021, o desempenho em português também mostrou pequena melhora. Naquele ano, apenas 19% dos alunos da rede pública apresentaram bom rendimento na disciplina. A rede privada, por sua vez, avançou 2 pontos percentuais desde então.
Desigualdades raciais aumentam no pós-pandemia
Além da discrepância entre redes pública e privada, o estudo aponta para o agravamento das desigualdades raciais. Na Bahia, entre estudantes da rede pública, 5% dos alunos brancos tiveram aprendizado adequado em matemática e 31% em português. Entre os estudantes pretos, os percentuais caem para 2% e 19%, respectivamente.
Esses dados refletem um padrão de desigualdade educacional que se agravou com os impactos da pandemia de covid-19. A defasagem no ensino remoto e a falta de infraestrutura nas regiões mais vulneráveis contribuíram para ampliar o abismo entre estudantes de diferentes origens sociais e raciais.
Situação nacional reforça cenário de alerta
O estudo do Iede foi complementado por dados da organização Todos Pela Educação, que também divulgaram, nesta segunda-feira (28), o relatório “Aprendizagem na Educação Básica: Situação Brasileira no Pós-Pandemia”. O documento mostra que, em nível nacional, apenas 5,2% dos alunos do 3º ano do ensino médio apresentaram desempenho adequado em matemática em 2023 — o mesmo patamar registrado em 2021, e ainda abaixo do índice de 6,9% registrado antes da pandemia, em 2019.
Na disciplina de língua portuguesa, 32,4% dos alunos do ensino médio apresentaram desempenho adequado em 2023, número também inferior ao de 2019, quando o índice era de 33,5%.
Desafios para educação brasileira
Os dados revelam que o país ainda não conseguiu recuperar os níveis de aprendizagem anteriores à pandemia. As desigualdades também se mostram evidentes em recortes socioeconômicos. Entre estudantes mais ricos, 61% atingem o nível adequado em português no 5º ano, contra 45% dos mais pobres. Em matemática, os percentuais são de 52% e 32%, respectivamente.
Na Bahia, os números locais seguem abaixo da média nacional, especialmente na matemática, o que reforça a necessidade de intervenções específicas para melhorar a qualidade do ensino, valorizar a formação docente e garantir equidade no acesso ao conhecimento.
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