Uma operação policial resultou na morte de 12 homens, na última terça-feira (4), no bairro de Fazenda Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. O confronto ocorreu no último dia do Carnaval e gerou uma série de questionamentos sobre a atuação das forças de segurança. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) acompanha as investigações conduzidas pela Polícia Civil.

O comandante da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, classificou a ação como “impostergável” diante do cenário de violência na região. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA), os suspeitos estavam fortemente armados e foram localizados em áreas estratégicas dentro do bairro.

Os corpos das vítimas permaneciam no Instituto Médico Legal (IML) de Salvador até a noite de quarta-feira (5). Apenas dois foram liberados, mas as identidades ainda não foram divulgadas.

Motivos da operação

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Marcelo Werner, a ação foi planejada previamente após as autoridades identificarem um grupo criminoso fortemente armado na região. O bairro de Fazenda Coutos já vinha sendo palco de conflitos entre facções rivais pelo domínio do tráfico de drogas.

Moradores relataram tiroteios intensos e momentos de tensão antes da chegada da polícia. Segundo a SSP-BA, os suspeitos estavam escondidos em uma área de mata e também ocupavam dois imóveis, que teriam sido utilizados como pontos estratégicos para confrontar os policiais.

Ainda segundo o órgão estadual, alguns moradores foram feitos reféns durante o episódio. Apesar do alto número de mortes, não há registros de civis feridos.

Identificação das vítimas

Até o momento, apenas dois dos 12 mortos tiveram os corpos liberados pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). No entanto, os nomes ainda não foram divulgados. Familiares aguardam a liberação dos demais corpos para realizar os sepultamentos.

Armas e materiais apreendidos

A operação resultou na apreensão de 12 armas de fogo, incluindo submetralhadoras, pistolas e revólveres. Além do armamento, a polícia recolheu carregadores, balaclavas, rádios comunicadores, drogas e balanças de precisão. O material será periciado para auxiliar nas investigações.

Posicionamento das autoridades

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, a investigação esclarecerá a cronologia exata dos acontecimentos. Segundo ele, antes da chegada da polícia, foram registrados ao menos dois intensos confrontos entre facções rivais na região.

Conforme o comandante da PM, coronel Paulo Coutinho, os agentes foram acionados após criminosos tentarem assumir o controle do tráfico no bairro, colocando em risco a segurança dos moradores. Ainda segundo Coutinho, os suspeitos receberam a polícia a tiros, o que levou ao confronto armado.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que acompanha o caso e tomará “providências cabíveis dentro das suas atribuições constitucionais”.

Andamento das investigações

A delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, informou que os policiais envolvidos na operação e algumas testemunhas já foram ouvidos. Segundo ela, os agentes “retratam com muita clareza como o evento aconteceu quando eles chegaram no local”.

Além dos depoimentos, a perícia foi realizada nos imóveis ocupados pelos suspeitos e na área de mata onde o confronto ocorreu. O inquérito segue em andamento sob a responsabilidade do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ainda não há prazo para a conclusão do caso.

Impacto na rotina dos moradores

O confronto gerou impactos diretos na vida da população local. O transporte público foi suspenso temporariamente no bairro após os episódios de violência. Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), os ônibus passaram a circular apenas pela entrada de Fazenda Coutos, desviando o trajeto para Vista Alegre.

Salvador atinge 100ª chacina

O Instituto Fogo Cruzado defendeu a necessidade de mudanças na política de segurança na Bahia após a 100ª chacina registrada na capital e região metropolitana (RMS) desde 2022. Segundo a organização, 67% desses episódios envolveram ações policiais, resultando em 261 mortes. A coordenadora regional do instituto, Tailane Muniz, destacou que a estratégia atual prioriza o confronto, afetando diretamente a população e aumentando a insegurança em comunidades vulneráveis.

Diante do mais recente caso, ocorrido em Fazenda Coutos, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que reforçou o policiamento na região e que todas as circunstâncias do confronto estão sendo investigadas pela Polícia Civil. A SSP-BA alegou que a operação ocorreu em resposta a uma resistência armada de criminosos, mas o Instituto Fogo Cruzado alerta para a necessidade de um novo modelo de segurança que reduza os índices de violência sem comprometer a vida da população local.