Um levantamento nacional conduzido pelo Instituto DataSenado revela que 42% dos brasileiros que afirmaram ter realizado apostas esportivas no último mês estão endividados. A pesquisa, divulgada nesta terça-feira (1º), se refere a apostadores que possuem contas atrasadas há mais de 90 dias.
De acordo com a pesquisa, aproximadamente 20,3 milhões de pessoas acima de 16 anos participaram de apostas, o que corresponde a 13% da população nessa faixa etária. Os dados foram coletados entre 5 e 28 de junho de 2024, envolvendo 21.808 entrevistados. Além de abordar o tema das apostas esportivas, o levantamento também explora o endividamento e os golpes digitais enfrentados pelos brasileiros.
O perfil dos apostadores é um dos focos da pesquisa. Segundo os dados, a maioria (68%) dos apostadores exerce alguma atividade remunerada, enquanto 32% estão divididos entre aqueles fora da força de trabalho e desocupados.
A pesquisa mostra que a maior parte dos apostadores, 52%, possui renda familiar de até dois salários mínimos. Seguem-se os apostadores com renda entre dois e seis salários mínimos (35%) e aqueles com renda superior a seis salários mínimos (13%).
Analisando o nível de escolaridade dos apostadores, os números são os seguintes: 23% possuem até o ensino fundamental incompleto; 18% têm ensino fundamental completo; 40% possuem ensino médio completo; e 20% têm ensino superior incompleto ou mais.
Regulamentação das apostas
As apostas de cota fixa, uma modalidade em que o apostador sabe previamente o quanto poderá ganhar, têm sido discutidas no Congresso e no Executivo. Essa forma de apostas, que se popularizou com as “bets” online, foi autorizada no Brasil por meio de uma medida provisória aprovada em 2018, durante a presidência de Michel Temer (MDB).
A referida norma estabeleceu um prazo de quatro anos para a regulamentação do setor, algo que não foi cumprido. Sem as regras em vigor, diversas casas de apostas online situadas no exterior passaram a oferecer seus serviços aos brasileiros.
No último ano, o legislativo se dedicou à criação de regras para a exploração desse mercado no país. O conjunto de normas foi aprovado no final de 2023 e sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início deste ano. A previsão é que o mercado legal das “bets” comece a funcionar em janeiro de 2025. As empresas interessadas em operar legalmente já tiveram até 20 de agosto para se candidatar.
O Ministério da Fazenda, responsável pela implementação das novas regras, analisará e concederá as autorizações ainda neste segundo semestre. Os pedidos de registro enviados após essa data serão analisados somente após a abertura do mercado legalizado.
Conforme o cronograma, os sites de apostas que não se registrarem junto à Fazenda até outubro terão suas operações proibidas. Essa medida visa ampliar o controle e combater a proliferação de sites ilegais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estima que até 600 sites poderão ser banidos do Brasil.
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