Ao entregar a mais recente obra de contenção de encostas no bairro de Periperi, em Salvador, o prefeito Bruno Reis (União Brasil), em entrevista para o Portal M!, falou, na manhã desta segunda-feira (13), sobre o enfrentamento aos desafios impostos pelas chuvas e a importância das ações contínuas de prevenção e infraestrutura para proteger as áreas de risco da cidade. Assim como outros 50 municípios no interior do Estado, a capital baiana enfrenta, desde sexta-feira (10), fortes chuvas que já superaram a média esperada para todo o mês de janeiro. De acordo com o Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Salvador (Cemadec), o acumulado nas últimas 48 horas até domingo (12) ultrapassou 120 mm, enquanto a média histórica para o mês é de 79,9 mm.

Os maiores registros foram nas ilhas de Bom Jesus dos Passos (123,6 mm) e dos Frades (92,88 mm), além do bairro de Itapuã (89 mm). O fenômeno está relacionado à formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que intensifica as precipitações na região durante o verão.

Investimentos 

Segundo Bruno Reis, o trabalho de mitigação dos efeitos das chuvas não se limita a períodos específicos, mas é um esforço constante durante todo o ano, com investimentos significativos para garantir a segurança da população. O prefeito revelou que, em menos de um mês, entregou a quinta grande obra de proteção de encostas, com um investimento superior a R$ 3,5 milhões.

“Hoje, o enfrentamento às chuvas ocorre todos os dias do ano. Em menos de um mês, essa é a quinta grande obra de proteção de encostas que a gente entrega à cidade. Aqui [na Rua Curió, em Periperi], são quase 3,5 milhões de reais investidos. Estamos dando segurança para a comunidade e as famílias que moram lá em cima”, disse o prefeito ao Portal M!.

Prevenção e drenagem

O prefeito ressaltou ainda que, nos últimos anos, a prefeitura tem executado uma série de projetos voltados para a prevenção e mitigação dos riscos, com 547 áreas já feitas e 27 em execução. Outras 44 áreas ainda estão previstas para receber intervenções nos próximos meses.

“A gente enfrenta os alagamentos, mais de 3 mil obras de contenção de encostas e escadarias drenantes executamos nos últimos anos, somadas às áreas de urbanização de canais. É o que faz com que hoje a cidade seja melhor pra gente viver”, pontuou Bruno Reis ao Portal M!.

Embora as chuvas intensas no final de semana tenham gerado transtornos, principalmente no bairro de Itapuã, o prefeito disse que as obras de drenagem têm ajudado a minimizar os danos. Com registros de até 100 milímetros de chuva em algumas áreas, ele reforçou que a principal prioridade da gestão é garantir a segurança da população e evitar vítimas fatais.

“O bairro de Itapuã foi o bairro que mais recebeu chuvas. É algo de 100 milímetros e 90 milímetros no início do dia. E aí a gente acaba sofrendo um pouco com os alagamentos, mas a prioridade é salvar vidas, evitar mortos”, disse o prefeito.

Desafios climáticos

Apesar dos avanços em infraestrutura, o prefeito Bruno Reis fez uma crítica à falta de um sistema meteorológico nacional eficiente no Brasil. “Infelizmente, a gente tem que gerir as nossas cidades sem o apoio de um sistema meteorológico. Hoje, o Brasil não tem um sistema de radar. Há um ano, o radar não funciona, vem com satélites que não conseguem com precisão quantificar a chuva. Infelizmente, é o Brasil que precisa investir no sistema meteorológico”, ponderou ao Portal M!.

Segundo ele, a ausência de dados meteorológicos mais precisos prejudica a capacidade de antecipação das autoridades em relação à intensidade e à duração das chuvas. “Como a gente vê em outras cidades do mundo. As taxas serem dadas com antecedência dão pra mensurar a intensidade do fenômeno meteorológico e adotar as providências“, explicou Reis, ressaltando que, mesmo diante desse desafio, a Prefeitura tem se esforçado para monitorar as condições climáticas e fornecer alertas à população.

Viagem ao Benin

Ainda na entrevista ao Portal M!, o prefeito fez um balanço de sua visita ao Benin, na África, de onde voltou neste último domingo (12). Segundo ele, embora Salvador enfrente problemas como o comércio informal, pavimentação, saneamento básico e transporte, o Benin lida com questões semelhantes, porém em uma escala mais acentuada. 

“Então, temos muitos problemas aqui, mas lá os problemas deles ainda são mais acentuados, estão na gravidade maior. Nós estamos avançados em uma série de soluções em diversas áreas, desde a organização do comércio informal, a questão de pavimentação, saneamento básico, abastecimento de água, passando pelo uso e ordenamento do solo, pela questão do trânsito”, destacou.

Durante sua estadia, o prefeito de Salvador se reuniu com o prefeito de Uidá, com o ministro de Relações Exteriores e com representantes da Embaixada do Brasil no Benin. Também se encontrou com o presidente do Benin, Patrice Talon, para discutir possíveis colaborações, incluindo a reforma da Casa do Benin em Salvador e da Casa do Brasil no Benin.

 “Também tivemos um almoço com o presidente Talon, mais uma vez reafirmamos o compromisso de poder reformar, ampliar e poder mudar a curadoria de toda casa do Benin”, afirmou Bruno.

Segundo o prefeito, o Benin tem uma população de 12 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) equivalente ao de Salvador, que conta com 2,7 milhões de habitantes. 

“Para vocês terem ideia, lá eles têm 12 milhões de habitantes e tem o mesmo PIB de Salvador: R$ 64 milhões. Aqui é uma cidade de 2,7 milhões de habitantes e ainda somos uma cidade muito pobre. Então, vocês aí verificam o tamanho dos desafios deles, o quanto há evidência da pobreza da cidade como um todo”, completou Bruno Reis.